A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que importantes diferenças de salários persistem no Brasil. Na média, as mulheres ganham 22,1% a menos que os homens no país. Em certas categorias de profissões intelectuais e científicas, a diferença no pagamento pode chegar a 40% a favor dos homens.
No relatório “As Mulheres no Trabalho: Tendências 2016”, publicado na véspera do Dia Internacional da Mulher, a OIT mostra que a desigualdade salarial entre homens e mulheres no Brasil é comparável à África do Sul, mas bem superior ao que se observa em países como México, Panamá, Guatemala, Venezuela, Colômbia, Costa Rica e Tailândia, como mostrou material do Valor Econômico, assinada por Assis Moreira, publicada em 08/03.
Embora continuem relativamente elevadas, as desigualdades salariais no país diminuíram entre 1994 e 2013, graças aos aumentos reais do salário mínimo. É que o piso salarial é recebido por mais mulheres do que homens. O salário mínimo é a base tambem para o aumento dos salários na economia informal.
Globalmente, a OIT constata que, apesar de alguns avanços em algumas regiões do mundo, milhões de mulheres perderam terreno na tentativa de obter igualdade no mundo do trabalho. O exame da situação em 178 países mostra que, nos últimos 20 anos, os progressos alcançados pelas mulheres no campo da educação não se traduziram em melhora comparável de sua situação profissional.
Em todo o mundo, essa diferença salarial é estimada em 23% a mais para os homens, ou seja, as mulheres em geral só conseguem receber 77% do que é pago a seus colegas masculinos. Essa diferença tambem vai se refletir na cobertura da proteção social. Na América Latina, as mulheres recebem 8,9% a menos que os homens nas aposentadorias.
No trabalho cotidiano, as mulheres continuam a acumular mais horas de serviço que os homens, remuneradas ou não. Nas economias em desenvolvimento, elas trabalham 9 horas e 20 minutos em média, por dia, ante 8 horas e 7 minutos no caso dos homens. A repartição desigual de tarefas não remuneradas limita a capacidade das mulheres de aumentar a duração do trabalho pago e formal, daí porque elas representam 57% da mão de obra empregada em tempo parcial.
Entre 1995 e 2015, o nível de emprego aumentou mais rapidamente nas economias emergentes. E isso foi duas vezes mais importantes para os homens do que para as mulheres, qualquer que seja o nível de qualificação exigido, indicando que o acesso das mulheres a um emprego de melhor qualidade cessou de progredir no período.