Os números surpreenderam. Relatório do Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, aponta que o vídeo pela internet “começa a afetar a televisão” no mundo.
Entre outros dados, compara assinaturas de TV paga e as chamadas “over the top”, diretamente pela internet, como Netflix, de 2011 para 2015 nos Estados Unidos:
A TV paga caiu de 100,9 milhões de domicílios para 97,1 milhões, enquanto o vídeo OTT (Over the Top Content, jargão para empresas de tecnologia de serviços de áudio e vídeo pela internet) cresceu de 28 milhões para 50,3 milhões, conforme matéria da Folha de 13/02, assinada por Nelson de Sá.
O Brasil não é destacado no estudo, mas as assinaturas de TV paga recuaram no ano passado após uma década de crescimento, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações):
A queda foi de 3%, passando de 19,6 milhões em dezembro de 2014 para 19 milhões em dezembro de 2015.
Não há dados abertos sobre assinaturas OTT no país, mas a Anatel registrou que as assinaturas de banda larga fixa cresceram de 24 milhões para 25,6 milhões no mesmo período, apesar da crise.
Além de um “grande ano para o Netflix”, o Reuters Institute prevê a estreia do “streaming” da Apple, “finalmente”, e o aumento nos serviços via internet das operadoras, como Verizon.
“A disrupção da televisão” já ameaça a TV aberta. Uma amostra teria sido a queda de 5% na audiência, sobretudo telejornalismo, no ano passado no Reino Unido.
O estudo, chefiado por Nic Newman, ex-executivo da BBC, se baseia em respostas de “mais de 130 líderes digitais de 25 países”.
Em seu relatório de resultados de 2015, há duas semanas, o Netflix anunciou ter ultrapassado 75 milhões de assinantes “poucas horas depois” da virada do ano, graças a um crescimento recorde fora dos EUA.
Ao vivo pelo YouTube, o presidente-executivo e fundador, Reed Hastings, lembrou que os primeiros passos no exterior não foram fáceis como parecem agora.
“O primeiro ano no Reino Unido foi de mercado muito difícil, a mesma coisa no Brasil, por razões diferentes”, destacou, referindo-se aos tropeços com os pagamentos on-line, por aqui.
São ambos hoje “altamente bem-sucedidos para nós”, mas novos problemas se apresentam, agora que falta pouco (China, Coreia do Norte e Síria) para o Netflix chegar a todos os países. O principal é a obtenção de “licenças globais” para séries e filmes, buscando reduzir o desnível nos catálogos.
A HBO, subsidiária da Time Warner que lançou em 2015 um concorrente do Netflix nos EUA, HBO Now, vai pelo mesmo caminho e acaba de abrir operações na Colômbia e no México.
Procurada, a assessoria da HBO Brasil confirmou que o serviço OTT vai chegar também ao país, mas ainda não foi definida a data.