A eleição na Escócia saiu do controle. E como sempre, sobraram ameaças. Os escoceses vão às urnas no próximo dia 18 em histórico referendo para decidir pela independência ou não do Reino Unido. No domingo, uma pesquisa mostrou, pela primeira vez, uma virada a favor da separação.
Até um mês atrás, as pesquisas mostravam larga vantagem, de pelo menos 20 pontos percentuais, pelo voto “não”, ou seja, contra o rompimento da aliança de 307 anos com os ingleses.
Pesquisa divulgada neste domingo (7) pelo “The Sunday Times” confirmou uma tendência dos últimos dias: excluindo os indecisos, agora 51% querem a separação, como mostrou material da Folha, assinada por Leandro Colon, de 8/9, pg A9.
O governo entrou em alerta. A pedido do primeiro-ministro David Cameron, o ministro das Finanças, George Osborne, foi a público prometer um pacote de medidas de autonomia financeira ao território em troca de votar contra a independência.
A vitória do “sim” será um desastre para os dois maiores partidos do Reino Unido, o Conservador e o Trabalhista.
Para os conservadores, a perda da Escócia pode levar à renúncia de Cameron, que deve perder o apoio do Parlamento. Já os trabalhistas dependem dos escoceses para retornar ao poder nas eleições nacionais de 2015. A região é reduto do partido, que hoje tem 40 das 59 vagas da Escócia no Parlamento britânico em Londres.
O referendo foi negociado em 2011 depois que o nacionalista SNP (Partido Nacional Escocês) venceu a eleição do Parlamento escocês, criado em 1999 e com poderes limitados. Na época, poucos acreditavam numa vitória da independência.
Líder pró-separação, o premiê deste parlamento regional, Alex Salmond, acusou Westminster no domingo de tentar “subornar” os escoceses com novas promessas.
O “sim” começou a crescer após o debate no dia 24 entre Alex Salmond e Alistair Darling, trabalhista e líder da “Better Together”, pela união. Para 71% dos telespectadores, Salmond venceu.
A ativa campanha pelo “sim”, em contraponto a uma acomodada pelo “não” (já que seus defensores não apostavam em virada) tem sido vista como um dos principais fatores do acirramento.
A campanha contra a separação alega que a Escócia deixará a União Europeia e perderá a moeda libra (apesar da promessa contrária da campanha independentista).
Diz ainda que o país terá de cobrar mais impostos e que não teria suporte para explorar sozinho o gás do mar do Norte, região escocesa.
São cerca de 6 bilhões de libras (R$ 24 bilhões) que o governo britânico arrecada por ano com a exploração.
Os independentistas alegam que essa área será a principal ferramenta de riqueza de uma Escócia separada.