Nas empresas, robôs invadem área financeira

Aconteceu mais rápido do que o imaginado. A automação está ameaçando substituir levas de funcionários de colarinho branco da mesma forma que robôs mecânicos substituíram operários fabris. Entre aqueles em perigo estão os responsáveis por contas a pagar, analistas de controle de estoque e empregados do contas a receber.

A Oracle Corp. e a SAP SE, entre outras, vendem aplicativos que podem automatizar, transmitir e analisar informações de diferentes unidades das empresas. A tripulação das companhias aéreas que usam o software da SAP pode controlar, com um escâner, o número de copos de papel que trazem para o avião e o sistema vai garantir que esses itens estão corretamente refletidos na fatura, diz Henner Schliebs, vice-presidente da empresa alemã. Não há necessidade de a equipe de contas a pagar da companhia aérea digitar a informação em um computador.

Reduzir os custos da retaguarda é uma velha obsessão dos contadores. Os executivos são mais conscientes das despesas operacionais, particularmente desde a crise financeira, diz Michael Armstrong, diretor da Deloitte Consulting LLP. “As empresas como um todo estão sob um escrutínio muito maior”, diz ele.

As grandes empresas empregam 44% menos funcionários em tempo integral na área de tecnologia da informação e 20% menos profissionais de recursos humanos do que há dez anos, segundo a Hackett, pelo menos em parte porque a automação reduziu o número de empregados necessários nesses departamentos também.

As empresas americanas há muito terceirizaram operações repetitivas e intensivamente manuais, geralmente para países com custos trabalhistas menores. Agora, até mesmo empresas terceirizadas estão usando software para realizar tarefas financeiras.

A GameStop Corp. contrata a Ecova Inc. para pagar e auditar as contas de telecomunicações e energia de suas 4.400 lojas de videogame nos EUA. A Ecova, localizada no Estado de Washington, usa programas de computador para pagar as contas automaticamente, e seus consultores analisam os dados para encontrar formas de reduzir custos. A varejista, que vende US$ 9,3 bilhões por ano, emprega 18 mil pessoas, incluindo 120 na área de apoio de finanças.

Já a firma de serviços de informação Wolters Kluwer NV usa o software Hyperion, da Oracle, para ajudar a fechar a contabilidade de cada trimestre. A tarefa, que costumava levar dez dias, agora toma metade do tempo.

Na Pilot Travel, o número de pessoas que trabalham no departamento financeiro é de cerca de 200, o mesmo que há cinco anos. Mas o número de pontos da empresa subiu de 300 para cerca de 500 nesse período.

“Nosso lema é alavancar computadores, não pessoas”, diz Clothier, o tesoureiro, referindo-se ao foco da empresa na automação de tarefas administrativas.

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