Na segunda posse de Obama, mais cautela do que festa.

Oficialmente, o segundo mandato de Barack Obama na presidência dos Estados Unidos já começou ontem. O juramento formal foi feito no Salão Azul da Casa Branca frente a12 convidados, a família, e o presidente do Supremo Tribunal americano, como manda a Constituição. Hoje será a festa em Washington. Porém, espera-se menos da metade do público de 2009, com cerca de 800 mil pessoas, não os dois milhões de quatro anos atrás,  acompanhando o discurso de Obama em uma temperatura de dois graus acima de zero.

A Casa Branca preferiu dar mais visibilidade à cerimônia de posse do vice-presidente Joe Biden. Primeiro, porque Obama pretende reforçar ao máximo a imagem de Biden para lançá-lo como candidato em 2016. Com essa escolha acalma as pretensões das demais candidaturas no Partido Democrata, em especial a de Hillary Clinton. Depois, fortalece ao máximo também a figura de Biden nas duríssimas negociações com o Congresso. O vice-presidente está à frente das conversas tanto na questão da autorização para a dívida do governo aumentar, como no difícil tema do controle das armas. Fortalecer o vice-presidente protege Obama dos desgastes naturais dessas duras negociações.

Ao contrário do início do primeiro mandato, a economia americana está em fase mais promissora. O Departamento do Trabalho divulgou na sexta-feira que em novembro o número de pedidos de seguros desemprego caiu, bem mais do que os analistas esperavam. Ou seja, o desemprego diminuiu mais do que previsto, sinal da melhoria da economia. Na sexta-feira,  a Bolsa de Nova York alcançou o melhor índice das ações dos últimos cinco anos . A  indústria automobilística comunicou a previsão de que deve vender cerca de 15 milhões de carros em 2013, praticamente o mesmo número de 2007 , antes da crise.

Se a economia melhorou no começo do segundo mandato o quadro político piorou. O confronto com os republicanos no Congresso ameaça “parar” o Executivo americano, já nos próximos meses. A cautela comemorativa de Obama tem esta razão.  O Partido Republicano tem a maioria da Câmara dos Deputados e pode, de fato, paralisar o Executivo. Os Estados Unidos gastam mais do que arrecadam, por muitas razões, a primeira delas as duas guerras recentes, a do Iraque e a do Afeganistão. Para manter o governo funcionando, o Executivo precisa de autorização do Congresso para gastar além do que arrecada, isto é, aumentar o déficit em termos técnicos. Aqui começa a maior dificuldade de Obama. Sem este aumento ele será obrigado a cortar salários, demitir servidor, parar obras, e principalmente cortar os programas sociais. Em outras palavras, não será só o governo que para, a economia retrocede, porque o consumo despencará. Os republicanos exigem que  Obama faça os cortes que eles planejam, para aprovar o aumento da dívida. O Executivo tem outra solução para o déficit: aumentar o imposto dos mais ricos. Os republicanos não aceitam aumento de impostos.

Esse impasse tem data marcada para ser resolvido: a segunda quinzena de fevereiro. O presidente Obama sabe que a negociação será  difícil. Obama preferiu a cautela à pompa na segunda posse. Foi uma escolha essencialmente política.

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