Na Europa, crise pega feio na Cultura. Em Portugal, o Ministério fechou.

É difícil escapar de uma crise econômica, com as proporções da crise do euro, sem grandes estragos. Qualquer economista e todo empresário sabe disso. Mas, poucos analistas previram o tamanho do estrago na área cultural européia. Talvez, porque com a tradição histórica de proteção à cultura acumulada naquele contexto, os governantes pensariam duas vezes em fazer cortes muito fundos nessa área. Não pensaram. O facão da crise na Cultura foi muito mais longe do que todos os analistas previram.

Ontem o governo espanhol  anunciou violentos cortes no orçamento do tradicional Instituto Cervantes, que tem a função de divulgar a língua e cultura castelhana no mundo.  Por exemplo, as filiais do instituto no Recife e em Curitiba simplesmente fecharam. Em todo o mundo o Cervantes reduziu drasticamente sua atividade. Nenhum corte foi tão longe como o do governo de Passos Porto, em Portugal: o Ministério da Cultura apenas acabou, substituído por uma pequena secretaria.

Na Grécia, depois de cortes sucessivos no orçamento do Ministério da Cultura, para este ano, a redução foi realmente drástica: mais 50% de cortes sobre o que já era muito pequeno. A situação chegou a tal ponto que ninguém menos que o Fundo Monetário Internacional destinou parte de suas verbas para a manutenção mínima de patrimônios culturais gregos, como o Paternon.

Até a rica Holanda não fez por menos: cortou 265 milhões de euros do orçamento para Cultura o que significa 25% das verbas para o setor. A Itália fez o mesmo o que obrigou instituições como o Teatro Scala de Milão a cancelar diversas programações. Os grupos de dança e  os corais simplesmente acabaram. Até a riquíssima Alemanha fez novos cortes atingindo orquestras muito tradicionais,

Muita gente notou que a ideia do mecenato estatal na União Europeia está no fim. O “recado” do estado foi claro: a Cultura precisa começar a ser autossustentável e não depender mais de recursos públicos. Nem todos concordam com essa visão, argumentando que gastos culturais fazem parte do sistema de ensino de cada país. E de sua herança histórica.

Na hora extrema da crise, estes argumentos e ponderações apenas não foram sequer ouvidos. Nem mesmo na culta Europa.

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