Não foi fácil este reconhecimento. Não é só na oferta de produtos e serviços que as empresas de internet parecem estar tentando cruzar as fronteiras entre o mundo digital e o “mundo real”. Para tornarem suas marcas conhecidas, as companhias digitais estão recorrendo cada vez mais à publicidade tradicional para tornar suas marcas conhecidas e ganhar espaço dos concorrentes.
As disputas entre os sites OLX e Bom Negócio, pela preferência de quem quer comprar e vender produtos, e dos aplicativos iFood e Hellofood, de entrega de comida, ocuparam um bom espaço na TV ao longo do ano passado. Quem mora em São Paulo também viu cartazes do YouTube e do Google espalhados por pontos de ônibus e relógios em toda a cidade, como mostrou matéria do Valor Econômico de 24/02, pg B10.
Pode parecer estranho que empresas digitais usem meios como TV, rádio e a mídia impressa para atingir o público. Mas a verdade é que os dois canais não se eliminam, eles são na verdade, complementares. “Se a sua comunicação se restringe à internet, você fica restrito ao público que acessa a rede. Se você quiser aumentar o seu alcance, tem que ir atrás de quem não está on-line, que é um público bem grande”, disse Marcelo Ferreira, presidente do Hellofood. A estimativa é que o Brasil tenha 110 milhões de internautas, pouco mais de metade da população.
No fim do ano passado, a companhia anunciou em canais de TV aberta e também por assinatura. Como resultado, o número de pedidos dobrou em um período de três meses. De acordo com Ferreira, o momento era propício para começar esse investimento já que a companhia tinha atingido um porte relevante no país.
Outro fator que incentivou o movimento foi um movimento semelhantes de seu principal concorrente, o iFood. Atualmente, o Hellofood continua na TV, mas apenas em canais por assinatura. Mesmo considerando caro o investimento em TV aberta, para uma empresa de 100 funcionários, Ferreira diz que avalia voltar a esses canais. “O ano será de chamar atenção”, disse.
A publicidade na web tem ganhado relevância nos últimos anos por custar menos e ter resultados que podem ser mensurados de forma muito mais efetiva que nos formatos tradicionais. Na web, é possível exibir anúncios de forma precisa para o perfil de público que se planeja atingir. Enquanto na TV e no rádio é preciso atingir uma população bem maior e, às vezes, sem a certeza do perfil do público impactado.
Mas para empresas que ainda precisam se tornar conhecidas, a publicidade tradicional ainda é a forma mais eficiente por conta de sua abrangência, diz Marcelo Pontes, líder da área de marketing da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).