A França foi mais rápida do que os vzinhos europeus. Enquanto Alemanha e Itália continuam brigando feio com o Google, a imprensa francesa fechou um acordo com o gigante de informática para remunerar as empresas de comunicação pelo conteúdo publicado especificamente no site Google News. O modo encontrado para fazer essa remuneração é, sem dúvida , “criativo”: será formado um fundo especial para financiar a adaptação da imprensa escrita à internet. Aliás, o problema é o mesmo no Brasil, com as duas partes, Google e jornais também sem entendimento.
O presidente do Google, Erick Schmidt, disse que o compromisso era “histórico”. O acordo foi alcançado com mediação do governo francês. Os executivos do Google não esconderam de que era melhor chegar a um acordo do que a uma lei que definisse um pagamento de direitos autorais e amarrasse as duas partes a uma decisão política sobre a questão.
O que diz o acordo? O fundo terá uma validade de três a cinco anos e será gerenciado por um conselho de “personalidades independentes” escolhidas pelas duas partes, o Google e os jornais franceses. Como mostrou a matéria publicada no Estadão de 2 de fevereiro (pgB11), esse conselho analisará projetos apresentados pelos jornais e revistas interessados em financiar a passagem para o meio digital. Os recursos desse fundo sairão do Google Em outras palavras, o Google financiará a modernização dos meios de comunicação ainda em papel.
Haverá uma seleção dos meios que podem pedir essa “ajuda”, tanto de veículos nacionais, como regionais ou, até mesmo empresas que iniciam atividade de comunicação já no ambiente virtual. A única exceção é a chamada mídia de entretenimento que não será incluída no acordo. Um dos mediadores do acordo, Marc Schwartz , que deve ser o provável presidente do conselho foi muito claro: os projetos que receberão recursos do fundo serão julgados exclusivamente “por seu mérito”. Ou seja, não é a capacidade de retorno do projeto, sua possível popularidade, que define a ajuda.
A associação de imprensa francesa disse que o acordo é inédito no mundo, e será modelo para outros países. O presidente francês, François Hollande, assinou nota oficial com dois pontos bem definidos; primeiro, o Estado francês não suspenderá seus “financiamentos próprios” e formas de ajuda à transição da mídia para o ambiente digital. Segundo: o fundo terá de ser financiado exclusivamente pelo Google. A empresa, por sua vez, não escondeu que gostou do acordo porque o que não queria, de nenhum modo, era uma legislação que burocratizasse a divulgação livre de conteúdo no Google News. Parece que conseguiu. Por enquanto, na França