Microsoft tenta não perder ‘a próxima grande coisa’ de novo

Não é bom perder o bonde, outra vez. Mas, assistindo aos esforços da Microsoft para prever o novo futuro da computação, na semana passada, era difícil não pensar em alguém jogando macarrão na parede.

Na Build, sua conferência anual para desenvolvedores, a gigante dos softwares apresentou diversas imagens sobre como pessoas e máquinas poderão coexistir em um mundo no qual inteligência artificial e realidade aumentada serão dominantes, como mostrou artigo do Financial Times , assinado por Richard Waters, publicado na Folha de São Paulo de 04/04.

Lá estavam os óculos de realidade aumentada HoloLens sendo usados para inspecionar modelos tridimensionais de cérebros humanos ou projetar designs tridimensionais para cozinhas diretamente no espaço real.

Havia ainda a conversa via Skype de um ser humano que estava usando o Cortana, o assistente pessoal digital da Microsoft, para planejar as férias. Inteligências incorpóreas estavam em posição de destaque, mas Satya Nadella, o presidente-executivo da Microsoft, diz que elas vão aumentar as capacidades humanas, e não substitui-las.

Foi revigorante ver uma empresa que não conseguiu embarcar na revolução do smartphone dando vazão aos seus instintos criativos na busca da próxima grande novidade. Mas será que esse frenético esforço por inventar o futuro produzirá resultados?

Nove anos depois que o primeiro iPhone transformou a computação pessoal e mudou a direção do setor de tecnologia, o delineamento de um novo paradigma para a tecnologia começa a se revelar.

O poder coletivo da computação em nuvem, dos sistemas de “big data” (análise de uma enorme quantidade de dados) e do aprendizado das máquinas está nos bastidores da criação de um imenso recurso tecnológico.

A corrida para encontrar maneiras de usar –e interagir com– a inteligência artificial que está emergindo desse cenário já começou. Em momentos assim, experimentação excessiva faz sentido.

O que estamos vendo é uma intrigante disputa entre o poder cerebral e a intuição criativa. Google e Microsoft têm muita coisa em seu favor. Os dois realizaram grande investimento em máquinas que aprendem e são donos de serviços de buscas capazes de acessar o total da inteligência humana.

O fato de o sistema Siri, da Apple, não ter se tornado companheiro indispensável, apesar do entusiasmo quando de seu lançamento em 2011, mostra o quanto é difícil criar um assistente digital verdadeiramente útil.

O formato correto conta tanto quanto a tecnologia que opera ao fundo. O Amazon Echo, um cilindro projetado para uso doméstico e para responder a comandos e perguntas de voz, é um dos primeiros aparelhos de sucesso a romper com as abordagens existentes. O fato de que você pode falar com ele enquanto guarda as compras lhe dá uma utilidade que falta aos celulares.

Como disse Nadella, haverá um mundo além dos apps fortemente compartimentados e das telas dos smartphones. Intermediários inteligentes –muitos convocados por voz– estarão presentes para navegar e interpretar. Será um período de louca experimentação. Que a diversão comece.

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