Microsoft compra Nokia. Verizon compra Vodafone. Mudanças na TI estão só no começo

Ganhar fatias de mercado. E rápido. Com este alvo bem definido a Microsoft anunciou ontem a compra da divisão de aparelhos celulares da Nokia, além do conjunto muito valioso de patentes da empresa. Um negócio de 5,4 bilhões de euros ou US$ 7,2 bilhões. Neste “casamento” só há um fato indiscutível: no momento as duas empresas lutam para recuperar relevância no mercado de TI. É bem diferente o quadro – e o valor do negócio, US$ 130 bilhões – da compra da Vodafone pela Verizon.

A Microsoft enfrenta pressões para se adaptar ao crescente mercado de computação móvel e ao recuo de vendas de PCs, todos equipados com seu produto base, o Windows. A Nokia, que já foi líder mundial na venda de celulares perdeu muita participação de mercado , principalmente na competição direta com os iPhones da Apple e com os aparelhos do sistema Android, do Google.

A aproximação Microsoft/Nokia já era bem conhecida do mercado; desde fevereiro de 2011 as empresas desenvolveram diferentes parcerias, principalmente no uso do sistema operacional Windows para celular nos aparelhos Nokia. Há diferentes interpretações para evolução da parceria para uma aquisição. O artigo de Nick Boltes , no The New York Times de hoje analisa que a compra ajudará a padronizar o software e o hardware das duas empresas e dará a Microsoft uma vantagem para a trair consumidores que ainda compram celulares básicos, o “features phones”,sem acesso a web, de empresas como a Nokia.

A base desta análise é a pesquisa da Gartner, consultoria especializada, mostrando que 435 milhões de celulares foram vendidos no segundo trimestre no mundo e 225 milhões eram smartphones, com uma expansão de 46% em relação a 2011. Mas, os 210 milhões restantes eram “features” que apresentavam queda de 21% nas vendas, em relação ao mesmo período do ano passado. Nessa visão ainda há milhões de clientes para fazer a troca. Nesta perspectiva está a notícia de que a Apple deve anunciar no final este mês, um iPhone bem mais barato para competir com o sistema Android , visando captar exatamente quem ainda não passou para o smartphone. A Microsoft quer o mesmo mercado e usou a experiência ada Nokia para conquista-lo.

Outra versão dos motivos da compra pela Microsoft está no próprio mercado de celulares. A Nokia atingiu 14% de participação no mercado global no segundo trimestre deste ano e distribuiu 61 milhões de “features” no mercado. Porém a participação da Nokia é de apenas 4% no mercado de smartphones. , atrás até de concorrentes pequenos como a ZTE e a Lenovo. Nesse segmento, a Samsung lidera com 34,4% do mercado e a Apple tem a segunda posição com 14,2 %.

Entre os sistema operacionais , a Microsoft também não avançou como esperava: o Windows Mobile tem apenas 3,3% do mercado, enquanto o sistema Android reina absoluto com 79% do bolo e o iOs, da Apple, tem que se contentar com 14,2%. Nesta versão a aquisição da Nokia pela Microsoft pode ser entendida como reação , ainda que tardia, frente a toda movimentação do setor. Em 2012, a Google comprou a Motorola com a mesma intenção da Microsoft de entrar no muito promissor mercado de smartphones.

Essa briga, de marcas com esse poder, promete. O round da Microsoft foi só mais um . O fim da guerra está bem longe. Como o fato da Verizon comprar a Vodafone da British Telecom. Neste caso, a guerra verdadeira estará na posse do sinal, como mostrou o artigo de Marcus Wohlsen na Wired. Daí a diferença do dinheiro envolvido no negócio.

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