Mesmo com tensão comercial, China eleva exportações e importações

As importações da China cresceram em julho, refletindo o esforço do governo para fortalecer a economia e se preparar para uma prolongada guerra comercial com os EUA. As exportações também subiram, apesar da tensão comercial.
Diante dos sinais de desaceleração do crescimento econômico, Pequim solicitou a governos locais e bancos para que estimulem ferrovias e outros projetos de infraestrutura. Para economistas, o governo está se preparando para novas tarifas que poderão atingir mais duramente a economia do país.
Impulsionada pela forte demanda por commodities, as importações chinesas cresceram 27,3% em julho ante igual mês de 2017, segundo dados oficiais divulgados ontem. Em junho, as importações haviam crescido 14,1%.
“As importações de commodities deverão crescer no segundo semestre por causa do aumento dos gastos com infraestrutura”, disse Liu Yaxin, economista da China Merchants Securities.
Em valor, as importações de carvão, petróleo e minério de ferro em julho cresceram 73%, 63% e 20%, respectivamente, ante o mesmo mês de 2017, segundo cálculos do “Wall Street Journal” baseados em dados da alfândega. As importações da Austrália cresceram 34%.
A construção civil vai acentuar a demanda da China por matérias-primas, disse Liu.
A expectativa de uma maior desvalorização do yuan em relação ao dólar também deu impulso as importações, segundo Liu Xuezhi, economista do Bank of Communications. O yuan caiu 3% em relação ao dólar no mês passado.
O yuan mais barato, que torna os produtos importados mais caros para os chineses, deverá ajudar as exportações do país. Estas cresceram 12,2% em relação a julho de 2017, depois do aumento de 11,3% em junho, segundo dados oficiais. As exportações para os EUA cresceram 11% em julho, apesar do governo Donald Trump ter iniciado, no início do mês passado, a aplicação de tarifas de 25% sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses.
A China registrou um superávit comercial de US$ 28,05 bilhões em julho, resultado bem inferior ao saldo positivo de US$ 41,61 bilhões de junho. O superávit comercial com os EUA caiu um pouco, para US$ 28,09 bilhões em julho, de um recorde de US$ 28,90 bilhões registrado em junho.
O superávit chinês com os EUA continua aumentando no acumulado em 12 meses. Os dados chineses diferem da estatística americana.
O superávit da China como um todo provavelmente encolherá no resto do ano, devido às exportações mais fracas e à alta das importações, diz Betty Wang, economista da ANZ. “O impacto das tarifas americanas no comércio da China ficará mais evidente no quarto trimestre, se não houver progresso para amenizar as tensões.”
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