A inteligência artificial (AI) está ficando mais próxima ou até superando o ser humano em um crescente número de parâmetros, de acordo com uma das primeiras tentativas de avaliar seu impacto geral.
Mas as máquinas ainda estão bem atrás das pessoas no que se refere a fazer qualquer coisa que extrapole as limitadas tarefas para as quais foram concebidas, de acordo com Erik Brynjolfsson, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das instituições responsáveis pela elaboração do relatório.
A tentativa de medir a rapidez com que as máquinas inteligentes estão avançando foi desencadeada pela crescente preocupação com seu impacto sobre fatores como o nível de emprego, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Richard Waters, publicada no Valor de 1/12.
“Estamos nos movendo com base em palpites sobre o que ocorre na IA”, disse Brynjolfsson. “Ela não é inteligência geral artificial, mas, em determinadas áreas, o avanço é estonteante.”
O relatório, chamado de Índice IA, contou com o apoio do MIT, da Universidade de Stanford, da SRI International e da OpenAI.
Os avanços da IA foram esporádicos desde o surgimento do campo, 60 anos atrás, mas a atual onda de interesse remonta a 2012, quando os sistemas obtiveram melhorias aceleradas devido à aplicação de uma nova técnica chamada de aprendizagem profunda. Na competição anual ImageNet, que testa o reconhecimento de imagem, as máquinas ultrapassaram o ser humano pela primeira vez em 2015.
O reconhecimento da fala foi a segunda habilidade humana a ser atingida. A Microsoft e a IBM, por exemplo, exibiram sistemas neste ano capazes de entender a voz humana tão bem quanto uma outra pessoa. Outras conquistas notórias ocorreram na área dos jogos, em que os computadores superaram as pessoas ou alcançaram os níveis mais altos desde o ano passado no Go, no pôquer e no Pac-Man.
Esses avanços levaram a previsões de que a linguagem será a próxima frente a ser conquistada em breve pelos computadores, abrindo muitas áreas novas de trabalho à automação.
No entanto, a simples complexidade do processamento da linguagem natural – cuja resolução, segundo alguns especialistas, requer uma “inteligência geral artificial” muito mais avançada – tem levado à conclusão que os avanços se restringiram às tarefas limitadas ou a campos especializados em que a gama de significados potenciais é reduzida.
De acordo com o Índice IA, estão entre as tarefas de linguagem das quais as máquinas estão próximas de alcançar o desempenho humano a localização de uma resposta a uma pergunta em um documento e a definição da estrutura sintática das frases.
O Índice também destaca uma escalada do interesse pela IA nos últimos cinco anos em sua série de frentes. Entre elas estão a procura por cursos e simpósios sobre o assunto, além do capital de risco injetado nessa área. Esse ímpeto permite concluir que o setor deverá manter seu avanço acelerado, disse Brynjolfsson.