O presidente americano, Donald Trump, e o francês, Emmanuel Macron, discutiram nesta segunda-feira, 24, as perspectivas do fim da guerra na Ucrânia e o envio de tropas europeias ao leste europeu após um possível cessar-fogo. Os mandatários se reuniram na Casa Branca, em Washington, no dia em que a invasão russa completa três anos.
Trump disse acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, aceitaria forças de paz europeias na Ucrânia para manter a paz, como sugeriu a França. No entanto, ele evitou responder diretamente quando questionado se Washington ofereceria garantias de segurança a esses soldados. “A Europa vai garantir que nada aconteça”, disse Trump.
O americano também expressou esperança de que o conflito pudesse terminar em semanas e que o presidente ucraniano Volodmir Zelenski fosse em breve aos Estados Unidos para assinar um acordo para dar aos EUA acesso aos minerais críticos da Ucrânia — uma exigência de Trump para ajudar a pagar parte dos US$ 180 bilhões em ajuda americana que foi enviada a Kiev desde o início da guerra.
“Isso pode se transformar em uma terceira guerra mundial sem um acordo de paz”, disse Trump.
Macron, por sua vez, prometeu negociações para uma paz duradoura e disse esperar um envolvimento forte dos Estados Unidos para alcançá-la. Ao lado de Trump, o presidente francês repetiu que a Europa está disposta a enviar tropas de paz para garantir à Ucrânia para garantir que a paz seja respeitada. Ele também declarou que a Europa está disposta a reforçar sua defesa.
“Temos necessidade de ter garantias para uma paz sólida”, disse Macron no início da reunião. “Este é um momento muito importante para a Europa também.”
Mais cedo, antes do encontro, Macron disse que pretendia dizer a Trump que é do interesse comum de americanos e europeus não mostrar fraqueza a Putin durante as negociações lideradas pelos EUA para acabar com a guerra na Ucrânia. Ele também sugeriu que argumentaria que a forma como Trump lida com Putin pode ter enormes ramificações para as negociações dos EUA com a China, o concorrente econômico e militar mais significativo dos Estados Unidos.
“Esta paz não deve significar uma rendição da Ucrânia”, disse o presidente francês durante a coletiva de imprensa conjunta após a reunião, no Salão Leste da Casa Branca. “Não deve significar um cessar-fogo sem garantias. Esta paz deve permitir a soberania ucraniana.
Trump não fez menção a garantias ou à soberania ucraniana, recusou-se a chamar Putin de ditador e declarou falsamente que os Estados Unidos gastaram três vezes mais na guerra do que a Europa. Macron, cuidadoso para não provocar Trump, deixou claro que a Rússia era a culpada pela guerra, não a Ucrânia, e corrigiu as afirmações do presidente sobre a ajuda europeia.
“Essa é uma responsabilidade da Rússia porque o agressor é a Rússia”, disse.
Trump repetiu a falsa alegação de que os Estados Unidos gastaram US$ 350 bilhões para ajudar a Ucrânia, enquanto a Europa gastou apenas US$ 100 bilhões. Na verdade, de acordo com o Instituto Kiel para a Economia Mundial, a Europa alocou US$ 138 bilhões para o esforço de guerra, em comparação com os US$ 119 bilhões dados pelos Estados Unidos.
Trump também descaracterizou a natureza da ajuda europeia. “A Europa está emprestando dinheiro para a Ucrânia”, disse. “Eles recebem seu dinheiro de volta”. Macron, que mais cedo na reunião estava falando em francês por meio de um intérprete, rapidamente interrompeu em inglês e colocou a mão no braço de Trump para corrigi-lo.
“Não, na verdade, para ser franco, nós pagamos”, disse. Como no caso dos Estados Unidos, ele disse, houve uma mistura de subsídios, empréstimos e garantias de empréstimos. “Nós fornecemos dinheiro de verdade, para ser claro”, afirmou.
Antes do encontro, Trump e Macron participaram de uma videoconferência dos líderes do G-7 (França, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Alemanha, Itália).
A França e outros países europeus estão cada vez mais preocupados que Trump insista em apressar um cessar-fogo desequilibrado entre Ucrânia e Rússia, e Macron também insistiu que as discussões tinham que produzir um resultado duradouro. “Nós compartilhamos o objetivo da paz, mas estamos muito cientes da necessidade de garantias para ter uma paz sólida”, disse./Com AFP, NYT e AP.
