Macron se apresenta como líder em tempos de guerra a três semanas das eleições

O presidente da França, Emmanuel Macron, se apresentou como um líder em tempos de guerra a três semanas das eleições no país, sugerindo que ele é a escolha mais segura para os eleitores em tempos conturbados.

“Ao ter de enfrentar o imprevisível, você já tem uma certa ideia de como eu me comporto”, disse Macron durante uma coletiva de imprensa de quatro horas em Aubervilliers, perto de Paris, na quinta-feira.

Macron colocou-se no centro dos esforços diplomáticos europeus fracassados para evitar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Com a guerra agora em sua quarta semana e se intensificando, o líder francês prometeu aumentar os gastos com defesa para enfrentar ameaças, incluindo ataques cibernéticos. Ele prometeu uma França mais independente “dentro de uma Europa mais forte”. 

Ele disse que seu lema de campanha “Com você” reflete “um método para o longo prazo”. Ele sorriu e parecia principalmente relaxado enquanto falava sobre questões que iam de energia à educação e barriga de aluguel, mas também se irritou uma vez e disse aos repórteres que deveriam ser mais pacientes com suas longas respostas. Macron reservou muito tempo para conversar com os jornalistas em uma tentativa de parecer mais acessível depois de manter a imprensa à distância da última vez e por grande parte de seu mandato de cinco anos. 

Foi também uma tentativa de neutralizar as críticas de que ele mal fez campanha – embora, em alguns aspectos, ele não precise. Seus esforços para ajudar a acabar com a crise na Ucrânia atraíram desprezo e foram alvo de chacota no exterior, com oponentes dizendo que ele foi enganado por Vladimir Putin, além de ter ido longe demais na tentativa de apaziguar o presidente russo. 

Mas, dentro de casa, ele está se beneficiando de um senso de união nacional. A guerra elevou o índice de aprovação de Macron para 51%, de acordo com uma pesquisa recente do Ifop para o “Paris Match”. Já uma pesquisa do BVA para RTL-Orange apontou que sua popularidade era de 42% em fevereiro, percentual mais alto do que o de seus antecessores nesta fase de seu mandato: François Hollande tinha 22% em 2017 e Nicolas Sarkozy, 32% em 2012. 

Todas as pesquisas mostram Macron liderando o primeiro turno em 10 de abril e o segundo turno duas semanas depois. Ele deve vencer sua principal rival, a líder nacionalista de extrema-direita Marine Le Pen, por pelo menos 12 pontos no segundo turno, de acordo com muitas pesquisas. As casas de apostas mostram que Macron deve ganhar com uma probabilidade de mais de 90%. 

Ao tentar parecer estadista, Macron atrasou o anúncio de sua candidatura à reeleição até horas antes do prazo final para o registro dos candidatos. Ele também deixou claro que não participará de debates, pulando até discussões ao vivo com rivais sobre direitos das mulheres e meio ambiente. 

A guerra na Ucrânia reforçou a percepção entre os franceses de que Macron é um bom gestor de crises, disse Adelaide Zulfikarpasic, diretora da BVA Opinion, com sede em Paris, lembrando como ele sobreviveu aos protestos dos Coletes Amarelos e lidou com a covid-19. O risco é que ele perca esse apelo quando a crise diminuir. 

“Se ele for reeleito e tiver um mandato mais normal”, disse ela, “sem crise de saúde ou guerra, ele será exposto a desafios de como lidar com reformas e ser julgado por seu histórico.” 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/03/17/macron-se-apresenta-como-lider-em-tempos-de-guerra-a-tres-semanas-das-eleicoes.ghtml

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