Leitura online? Nas nuvens? A vez da “Netflix dos livros”

O privilégio da música e cinema chegou aos livros. Por US$ 9 mensais o usuário acessa acervo ilimitado de 40 milhões de títulos, desde clássicos, publicações independentes, livros técnicos ou teses acadêmicas. Aliás, uma grande editora, bem tradicional nos EUA, a Harper Collins já se associou ao serviço da empresa Scribd. A ideia parece simples: depois de armazenar documentos ou conteúdo de qualquer computador, ouvir música, ou baixar filmes, é a vez do textos de chegarem às “nuvens.” O conceito virou um serviço. A empresa já tem concorrente, a Oyster.

A melhor definição da proposta foi dada pela revista Wired: chegou a “Netflix dos livros”. O sistema, já disponível no mundo todo, se destaca por ser multiforme. Ou seja, o usuário começa a ler no computador e, ao sair de casa, continua no celular. A melhor patê doa cervo, é claro, está em inglês. E a crítica é imediata: como no Netflix, não há lançamentos no acervo. O principal motivo da pouca novidade é que a Scribd ainda não tem acordos com a maior parte das grandes editoras.

É curioso, mas como mostrou a edição do Estadão de 4/11, pg B10, em um mês de serviço, o livro mais lido no mundo todo na Scribd é O Alquimista, de Paulo Coelho, na versão em inglês. Porém, no Brasil o campeão é o The Vampire Diaries: The awakening.

A discussão aumentou. A oferta de livros vale porque custa o mesmo que dois e-books. O lucro vem de uma manobra: as editoras só recebem se o leitor consumir parte considerável da edição. Se o livro é lido inteiro a editora recebe o valor integral de um e-book. Desse modo, poucos usuários custam ao sistema mais do que U$ 8,99 ao mês. A maior parte dos acessos corresponde a folheadas nos livros com consultas rápidas. Na média, os usuários folheiam de 4,5 livros para cada volume efetivamente lido até o final.

Os executivos da Scribd querem que os usuários se sintam numa biblioteca, por que “ler um livro, atrai a leitura de outro”. Outras visões existem: para distribuidoras, mesmo de livros digitais, o modelo parece pouco viável, porque se todos que consomem no mercado editorial adotarem este sistema, livrarias e editoras fecham. Sem esquecer que o sistema teria de pagar um absurdo de direito autoral, para tornar disponível um acervo de grandes possibilidades de consulta.

O Sindicato Nacional dos Editores tem outra opinião: é um modelo bom para livros técnico-científicos, para combater a cultura da cópia ilegal que reina no País. Aliás, o Scribd, que existe desde 2006, é uma plataforma muito popular entre estudantes universitários americanos. O novo projeto procura parcerias com editoras para ganhar mais escalas. Muitos livros em português são colocados de modo ilegal na plataforma. Os executivos da Scribd tentam usar essa irregularidade a seu favor: identificado o livro pirata, a empresa procura a editora concorrente para firmar uma parceria. A lógica que move esta atitude é igualmente simples: se ocorreu um ação pirata é porque este texto tem interessados.

A concorrente Oyster tem cem mil livros no acervo, também tem parceria com a Harper Collins e custa US$ 9,95 ao mês. Mas, o serviço só está disponível para os EUA e para iOS, o sistema da Apple. Mas a Oyster tem um diferencial em relação a concorrente: tem rede social própria, permitindo dar e receber dicas sobre os livros dos amigos.

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