Japão vai subsidiar trabalho remoto do interior do país

O governo japonês planeja oferecer até 1 milhão de ienes (US$ 9.500) para quem se mudar para áreas rurais e continuar a trabalhar remotamente para empresas em Tóquio. 

O programa de subsídios, que entrará em vigor no ano fiscal que começará em abril, oferecerá até 3 milhões de ienes para aqueles que abrirem novas empresas de tecnologia da informação no campo. Como o coronavírus tem mudado a maneira como as pessoas trabalham, a esperança é que mais pessoas se mudem das grandes cidades e deem às áreas rurais despovoadas um impulso necessário. 

O novo primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, fez da revitalização do interior do país uma prioridade. Tornar mais fácil para as pessoas trabalharem a partir de áreas rurais também pode ajudar a aliviar os problemas associados ao declínio e ao envelhecimento da população. 

Um fundo de 100 bilhões de ienes será reservado para o desenvolvimento regional como parte das propostas do governo para o Orçamento do ano fiscal de 2021. 

O Japão já teve outros programas para apoiar pessoas a se mudaram das cidades para abrir negócios em áreas rurais, mas o novo subsídio é diferente porque estará disponíveis para pessoas que mantenham seus empregos em Tóquio enquanto vivem no campo. 

O trabalho remoto recebeu um grande impulso com a pandemia. A tendência também representa uma oportunidade para reduzir a concentração excessiva da atividade econômica em Tóquio, ao dar apoio financeiro a pessoas que querem se mudar para áreas rurais, mas manter seus empregos. 

“Com a implantação do trabalho remoto, a era em que era preciso escolher entre o meio urbano e o rural chegou ao fim, e o equilíbrio se tornou possível”, disse um especialista na área do trabalho. 

Também haverá assistência financeira destinada à criação de empresas de TI em áreas rurais. O objetivo é promover a digitalização do campo. O financiamento irá para empresas que usam inteligência artificial, big data e outras tecnologias de ponta. 

A partir do ano fiscal de 2021, o governo criará ainda um sistema de subsídios para ajudar os governos locais a criarem um ambiente adequado para moradores que fazem trabalho remoto. Os subsídios cobrirão até três quartos dos custos dos governos locais. Um total de 15 bilhões de ienes será reservado para o fundo na proposta de Orçamento do ano que vem. 

O fundo será usado para garantir escritórios satélites ou espaços compartilhados separados da sede da empresa. O objetivo é permitir que as pessoas trabalhem em áreas rurais sem mudar a forma como trabalham em Tóquio. 

Já há evidências de um êxodo para o campo. Em julho deste ano, pela primeira vez, o número de pessoas que deixaram a Grande Tóquio (Tóquio mais as prefeituras de Kanagawa, Saitama e Chiba) excedeu em quase 1.500 o total dos que se mudaram para a região. 

No Japão tem uma distribuição muito desigual de recursos humanos em comparação com muitos países, e o aumento do trabalho remoto pode aliviar a pressão sobre a área metropolitana de Tóquio. Segundo estimativa de 2015 da ONU, 29% da população do Japão está concentrada na área de Tóquio. Em comparação, Nova York tem 6% da população total dos EUA. Londres tem 13% da do Reino Unido, e Xangai, 2% da chinesa. 

Muitos especialistas apontam que a concentração de recursos humanos e sua relativa falta de mobilidade contribuíram para o declínio das áreas rurais no Japão. Um possível ponto positivo da pandemia seria reduzir a centralização econômica do país em Tóquio e a desigualdade cada vez maior entre áreas urbanas e rurais. 

Numa pesquisa do governo japonês em maio e junho, 25% dos que trabalham remotamente disseram que ficaram mais interessados em se mudar para o campo como resultado de sua experiência. Em particular, entre aqueles que têm cerca de 20 anos e vivem no centro de Tóquio, 40% mostraram interesse em ir para a área rural do Japão.

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/09/28/japao-vai-subsidiar-trabalho-remoto-do-interior-do-pais.ghtml

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