Incerteza política continua inibindo o comércio global

A incerteza política está freando o crescimento do comércio, concluiu um novo relatório do Banco Mundial, indicando que a ascensão de Donald Trump já pode estar projetando uma sombra sobre a economia global.
Economistas de instituições internacionais como o FMI, a OCDE e o Banco Mundial atualizaram recentemente as suas previsões de crescimento mundial em grande parte devido às expectativas de que reduções de impostos, maiores gastos com infraestrutura e desregulamentação impulsionarão a economia americana agora sob o novo presidente, como mostrou artigo do Financial Times, assinado por Shawn Donnan , publicado no Valor de 22/02
Mas o relatório dos economistas do Banco Mundial, publicado ontem, destaca o frágil estado de um motor historicamente importante do crescimento econômico: o comércio mundial.
O estudo não menciona Trump, mas destaca o protecionismo e as ameaças de reverter acordos comerciais, como as feitas pelo presidente americano.
O relatório também sugere a perspectiva de que as tentativas do governo Trump de obrigar as empresas americanas a repatriar as suas cadeias de suprimento internacionais poderão prejudicar os esforços para aumentar o crescimento da produtividade.
O comércio internacional vem crescendo abaixo das tendências históricas nos últimos cinco anos. O crescimento de 1,9% registrado em 2016, de acordo com o banco, foi o mais lento desde o colapso de 2009 que seguiu-se à crise financeira mundial.
A equipe concluiu que algumas das razões para o crescimento anêmico do comércio, que afetou economias desenvolvidas e em desenvolvimento, foram tendências mais amplas, como o lento crescimento econômico mundial e o colapso dos preços das commodities.
Mas, em 2016, a principal mudança foi um aumento da incerteza sobre política econômica. Segundo o banco, isso foi responsável por 0,6 ponto percentual da queda de 0,8 ponto no crescimento do comércio internacional no ano, em relação a 2015.
A equipe do Banco Mundial baseou seu número em um estudo da relação entre comércio e incerteza política econômica em 18 países durante 30 anos. Eles acrescentaram acreditar que o impacto continuará em 2017.
“À medida que a incerteza política permanece elevada, devemos continuar esperando que o crescimento do comércio [mundial] seja moderado”, afirmou Michele Ruta, um dos autores do relatório.
Uma das grandes consequências da explosão de acordos comerciais nas últimas décadas foi o surgimento de cadeias de suprimentos globais. Essas cadeias são amplamente vistas por economistas como responsáveis por tornar as empresas mais eficientes e por ajudar a elevar a produtividade.
Mas Peter Navarro, um dos principais assessores comerciais do presidente americano, disse ao “Financial Times” no mês passado: “Não faz nenhum bem à economia americana, no longo prazo, manter apenas grandes ‘fábricas’ onde estamos agora montando produtos ‘americanos’ constituídos primordialmente de componentes estrangeiros”.

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