O assunto ganhou escala e a opinião pública mudou: dois em cada três brasileiros declararam-se a favor de cotas nas universidades públicas brasileiras. O mais importante: conhecem o tema, tem posição definida, são a favor de cotas tanto para negros, como para pobres como para alunos da escola pública. Quem presta atenção no mercado deve anotar a tendência. Em números: 62% dos brasileiros apoiam a implantação dos 3 tipos de cotas.
Este foi o resultado da pesquisa do Ibope, realizada entre os dias 17 e 21 de janeiro, com 2002 entrevistas em todas as regiões do País, divulgada no Estadão de 17 de fevereiro, em artigo de José Roberto de Toledo, pg A13. Há uma constatação essencial nesta pesquisa: o apoio às cotas que levam em conta a renda é bem mais alto, 78%, e à origem também, 77%. O apoio às cotas baseadas apenas na cor declarada do aluno é um pouco menor, 64%, mas especialmente expressivo.
O estudo do Ibope mostrou que ainda subsistem muitas variações de opinião no País, conforme a região ou as classes sociais. Até mesmo, ou principalmente, o grau de escolaridade influencia na opinião sobre cotas. É preciso observar que 16% dos brasileiros são contra qualquer cota. E 12% são a favor de cotas para pobres e alunos de escolas públicas, mas são contrários às cotas para negros. A maior oposição às cotas para pobres e negros, segundo o Ibope, está entre as classes de consumo A e B.
Em termos técnicos, o Ibope revelou que em nenhum extrato social a oposição às cotas é maior do que o apoio a elas. Só há um segmento em que há empate: os que se formaram em universidades. Destes, 49% são contra e 49% a favor e 2% não tem opinião.
A pesquisa sugere: quem está em busca de ascensão social é expressamente a favor das cotas. Quem já “chegou lá”, na expressão dos técnicos da pesquisa, parecem ser mais refratários às cotas.
A tendência bem definida da opinião pública foi compreendida pelo Congresso. Essa mudança de visão atingirá o mercado de trabalho brasileiro. E com razoável intensidade.
