O levantamento do Ibope demonstrou que as mulheres que são mães e vivem na cidade de São Paulo têm maiores dificuldades para aumentar a escolaridade e , pior, ganham menos do que as outras mulheres, na mesma faixa etária, que não são mães. A conclusão é da pesquisa do instituto com os dados do Censo 2010 do IBGE realizada com métodos de georeferenciamento para associar as respostas das mulheres com mais de 16 anos das diferentes regiões da cidade.
Esses dados, como mostrou matéria do Estadão publicada ontem, Dia das Mães, pg A 21, apontam que, enquanto apenas 22% das mulheres sem filhos, com mais de 16 anos, têm só o ensino fundamental, 43% das mães têm só esse grau inicial de estudo para competir no mercado de trabalho. Na outra ponta da escolaridade, a porcentagem de mães com ensino universitário completo é de apenas 22%. E, entre as mulheres que não são mães nessa mesma faixa etária, 42% já completaram o ensino superior.
As diferenças ficam ainda mais complicadas quando se observa a renda das mulheres trabalhadoras. Em todas as faixas etárias as mulheres com filhos têm rendimento mensal menor do que as que não têm crianças para cuidar. A maior diferença está na faixa etária entre 25 e 29 anos: as mães ganham em média nessa idade R$ 1006 e as sem filhos, quase o dobro, R$ 1.905
Na cidade de São Paulo vivem 2,9 milhões de mães. Mas, por exemplo, apenas 39% das mães do Jardim Ângela, um dos bairros de menor renda da Capital, estão casadas. Já nos distritos com maior renda, exemplo Perdizes, apenas 15% das mães não estão casadas. Na periferia da cidade a chance de uma mulher ser mãe solteira é 3,5 vezes maior. A diferença no estado civil tem correspondência com a situação econômica. Apenas 16% das mães em Moema e no Jardim Paulista, 18% no Itaim-Bibi, 19% na Vila Mariana, 23% em Pinheiros, 24% na Consolação, não estão casadas. Já no Centro Velho da cidade esta porcentagem sobe para 51% e está em média em 40% nos bairros mais periféricos da cidade. A ausência do companheiro para ajudar a cuidar dos filhos tem forte impacto na escolaridade e na recusa por trabalho com salário menor.
O professor de Psicologia da USP, Ailton Amélio da Silva, citado na matéria do Estadão, resumiu a conclusão deste estudo: “ser mãe desequilibra”, querendo dizer que há menor igualdade no atendimento das expectativas pessoais e profissionais quando a mulher já é mãe.