Guerra comercial reduz lucro de empresas dos EUA

Executivos nos EUA estão cada vez mais nervosos com a queda do lucro de suas empresas devido à disputa comercial com a China.
Conforme a temporada de balanços do segundo trimestre se encerra, cerca de metade das 102 empresas que mencionaram a China em seus resultados o fizeram num contexto negativo, o que é um aumento considerável com relação ao primeiro trimestre, em que esse número foi de menos de um terço, segundo análise do Bank of America Merrill Lynch. Cerca de 70% das empresas que citaram tarifas foram de modo negativo, mais do que as 50% do trimestre anterior.
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Essa piora na percepção ocorre quando as duas maiores economias do mundo prolongam o impasse comercial, corroendo a confiança dos investidores de que as empresas americanas que têm ações em bolsa e que estão expostas à China serão poupadas.
“Com a reescalada das tensões comerciais, mais empresas têm citado tendências negativas na China, em comparação com o último trimestre”, disse Savita Subramanian, estrategista quantitativa e de equity do Bank of America Merrill Lynch em Nova York. “As menções negativas estão concentradas nos setores cíclicos, tais como industrial, tecnológico e de materiais.”
Os mercados têm sofrido com o cenário instável das negociações comerciais neste ano e fizeram fortes liquidações neste mês, depois que o presidente Donald Trump declarou que os EUA imporiam uma tarifa de 10% em mais bens chineses importados, no valor equivalente a US$ 300 bilhões. O anúncio contribuiu para que as ações americanas tivessem seu pior dia do ano – perderam 3% na segunda-feira da semana passada. Ontem, as ações voltaram a cair devido à preocupação comercial.
A piora das perspectivas ocorre ao mesmo tempo em que o crescimento dos lucros das empresas americanas se desacelera. Os lucros por ação do segundo trimestre estão a caminho de crescer apenas 0,6% com relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Bank of America Merrill Lynch.
Esse número significa que as maiores empresas que operam na bolsa evitaram por muito pouco uma “recessão de lucros” – definida como dois trimestres consecutivos de redução dos lucros por ação – depois de uma queda leve no primeiro trimestre.
A guerra comercial também afeta os gastos das empresas. O crescimento dos gastos de capital se estabilizou em 3% no primeiro e no segundo trimestres, segundo dados do Bank of America Merrill Lynch. Isso marca uma queda acentuada do nível de 11% registrado na mesmo período do ano passado, que foi impulsionado em parte pelos efeitos dos cortes de impostos corporativos.
“Sem uma trégua comercial à vista e com o fato de que os macrodados continuam a surpreender negativamente, o excesso de incerteza continuará a impactar os gastos das empresas”, afirmou Subramanian.
Segundo David Joy, estrategista chefe de mercados do Ameriprise Financial, em Boston, os investidores vão prestar muita atenção à queda nos gastos de capital, que é usada como uma indicação aproximada de lucros futuros.
“É difícil tomar decisões importantes sobre gastos de capital se você não sabe onde fazer os investimentos. Isso teve forte impacto nos gastos de capital no segundo trimestre”, disse Joy.

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