Gigantes de TI já alcançam receitas bilionárias na nuvem

A computação em nuvem pode ainda estar longe de ser o negócio mais importante em termos de receita para a Amazon, a Microsoft, o Google e a IBM. Mas os balanços do último trimestre de 2017 mostram que os investimentos bilionários que os quatro gigantes têm feito para se adaptar a esse novo modelo de vender tecnologia têm dado resultado.
Por esse sistema, os provedores de TI fornecem serviços de computação, servidores, armazenamento de dados e softwares pela internet. Os clientes pagam apenas pelo que usam, como um aluguel ou assinatura, sem precisar investir nessa infraestrutura, o que reduz os seus custos, como mostrou matéria de Gustava Brigatto, publicada no Valor de 5/02.
Na Amazon, a AWS, sua divisão de serviços para empresas, a receita subiu 45%, para US$ 5,11 bilhões, de outubro a dezembro do ano passado, na comparação com o mesmo período de 2016. No ano, a variação percentual foi praticamente a mesma, passando de US$ 12,22 bilhões para US$ 17,5 bilhões, o equivalente a um décimo dos negócios da Amazon – um ponto percentual a mais que o registrado em 2016.
A Microsoft apresentou um avanço ainda mais expressivo: 56%, para US$ 5,3 bilhões, ou 18,3% de tudo que a companhia vendeu no último trimestre do ano. Com o ano fiscal diferente, os dados divulgados pela dona do Windows são referentes ao segundo trimestre de 2018.
Em outubro, seu executivo-chefe anunciou que a receita anualizada – uma projeção baseada no desempenho alcançado até então – havia chegado a US$ 20,4 bilhões, antecipando a meta definida pela companhia de chegar a US$ 20 bilhões em 2018.
Na IBM, o trimestre que encerrou uma sequência de mais de cinco anos de queda de receita trouxe um acréscimo de 27% nos negócios na nuvem, para US$ 5,5 bilhões. No ano, o total chegou a US$ 17 bilhões. “Para colocar os US$ 17 bilhões em perspectiva, o número era US$ 7 bilhões há três anos”, disse Martin Schroeter, vice-presidente de mercados globais da IBM, a analistas.
Como entrou nessa briga para valer só em 2012, o Google tenta recuperar o tempo perdido. A companhia não apresentou números exatos do desempenho de seus serviços na nuvem, mas seu executivo-chefe deu uma dica importante. Em teleconferência com analistas, Sundar Pichai disse que o Google Cloud, seu serviço na nuvem, atingiu uma escala significativa e já registra US$ 1 bilhão em receita por trimestre.
“Também estamos fechando negócios maiores, mais estratégicos com nossos clientes. De fato, o número de negócios acima de US$ 1 milhão entre todos os produtos de nuvem mais que triplicou entre 2016 e 2017”, disse o executivo.
Os negócios na nuvem das quatro empresas diferem bastante entre si. Enquanto a AWS e o Google concentram-se na chamada nuvem pública, na qual os clientes acessam informações armazenadas nos centros de dados de um provedor de TI, compartilhando a infraestrutura, a Microsoft e a IBM têm olhado para o modelo de nuvem híbrida. Isso significa que o cliente tem alguns serviços na nuvem pública, mas também usa a nuvem privada, uma infraestrutura dedicada só às suas necessidades para os dados mais sensíveis.
A abordagem faz sentido principalmente para convencer grandes empresas de setores como finanças e telecomunicações (os clientes mais importantes das duas companhias) a migrarem para o modelo de computação em nuvem. A IBM estima que 40% do processamento de informações que as empresas fazem no mundo não migrará para a nuvem e continuará em centros de dados internos nos próximos anos.
A empresa de pesquisa Gartner estima que o mercado da nuvem pública chegará a US$ 411,4 bilhões em 2020, um crescimento de quase 60% em relação aos US$ 260,2 bilhões projetados para 2017. Em 2018, o total pode alcançar US$ 306 bilhões. Em termos de participação dos fornecedores, o Gartner diz acreditar que 70% da receita ficará concentrada nos dez principais nomes do mercado até 2021. Na lista, além de AWS, Microsoft, Google e IBM, estão a chinesa Alibaba, a americana Oracle e a alemã SAP.

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