Facebook vira centro de compras

O Facebook quer ser um grande shopping center para os seus 1,7 bilhão de usuários.

No mês passado, a rede social começou a lançar nos Estados Unidos vários recursos criados para ajudar seus usuários a fazer compras, manter-se em dia sobre eventos e coletar informações de suas conexões. No mais recente lançamento, ontem, o Facebook passou a permitir que os usuários comprem ingressos de cinema, façam pedidos de entrega de alimentos e agendem o cabelereiro diretamente no aplicativo.

“Como podemos tornar o Facebook mais útil em sua vida cotidiana?”, perguntou Andrew Bosworth, diretor de tecnologia de publicidade e equipes locais do Facebook. O trabalho da rede social nessa arena vai continuar “ao longo dos próximos meses e anos”, como mostrou matéria do The Wall Street Journal, assinada por Deepa Seetharaman, publicada no Valor de 20/10.

A expansão é um indicador de como o Facebook está tentando ir além da sua função de rede social tradicional. Nos últimos anos, o compartilhamento pessoal de usuários do Facebook vem caindo, forçando a empresa a procurar outras formas de manter sua base de clientes conectada.

No início deste mês, a empresa lançou o Facebook Marketplace, uma nova seção de classificados dentro do aplicativo que permite que os usuários façam anúncios de compra e venda, como um Mercado Livre. Poucos dias depois, o Facebook estreou nos EUA um aplicativo móvel separado para eventos. Com ele, os usuários podem comprar entradas de cinema através de uma parceria da rede social com a plataforma de vendas de ingressos Fandango Inc.

“Dado o tipo de dados que eles têm sobre as pessoas, eles acreditam que há muitas outras funções que podem oferecer” aos usuários, diz Colin Sebastian, analista da gestora de recursos Robert W. Baird.

As novas ferramentas representam uma mudança sutil para o Facebook, que nos últimos meses vem enfatizando os aspectos sociais de seu site. Em junho, a empresa informou que as mensagens de amigos e familiares em seus feeds de notícias teriam mais destaque que o conteúdo editorial e de personalidades públicas, tornando o site mais pessoal.

Alguns recursos adicionados recentemente preenchem a lacuna entre o aspecto social e utilitário da rede, como um novo recurso de recomendação lançado ontem. Por meio dessa ferramenta, os usuários podem pedir aos seus amigos do Facebook que recomendem restaurantes ou prestadores de serviço locais. O Facebook criará automaticamente mapas das empresas recomendadas.

Por enquanto, o Facebook diz que não vai usar esses dados para divulgar anúncios ou captar receita de publicidade. A empresa diz que as características são moldadas pela forma como os usuários tendem a interagir com o site.

Há riscos para a estratégia de ferramentas utilitárias do Facebook. Desenvolver novos recursos desse tipo exigirá que o Facebook reforce sua função de pesquisa que, segundo Sebastian, “ainda não está bem desenvolvida”.
O sucesso dos recursos depende em grande parte de quão fácil será encontrá-los no Facebook, diz Jed Kleckner, líder executivo da delivery.com, um dos parceiros no setor de entrega de alimentos do Facebook. “Como é que [os usuários] saberão que isso existe sem ter que ir atrás por conta própria?” diz ele.

O Facebook também não tem controle direto sobre a experiência do usuário. Horas após o lançamento de seu Marketplace, os usuários começaram a fazer anúncios de armas, drogas e outros itens proibidos para venda. O Facebook fez um pedido de desculpas e suspendeu a implantação da plataforma de classificados até que possa resolver esse problema.

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