Facebook versus Snapchat? Ou, o fim de um tipo de expansão na web?

Rejeitar uma oferta de US$ 3 bilhões não é tarefa fácil. O Snapchat, que oferece privacidade e anonimato ao usuário, rejeitou essa oferta do Facebook. O primeiro motivo foi bem simples: o comprado achou que poderia ganhar muito mais do que o gigante oferecia. Ou, talvez, porque Evan Spiegel, o dono da Snapchat, percebeu outra coisa, bem maior: permanecer dono de uma rede social que poderia existir sem o Facebook. Em outras palavras, um negócio muito maior.

A recusa também revelou quanto a percepção do próprio Facebook sobre o futuro do setor de tecnologia já mudou. A medida em que também a antiga startup transformou-se em uma enorme corporação, as empresas mais jovens, mais ágeis, não acham mais o Facebook tão atraente. E voltaram para a regra básica do jogo no mundo digital: oferecer novas alternativas na web. Quando se é comprado pelo Facebook esta alternativa, este objetivo, fica frustrado. Mesmo quando se está frente a uma oferta de US$ 3 bilhões.

Mas, o que acontece com o Facebook para ele ser recusado como modelo? Alguns especialistas exibem pesquisas e dados mostrando que “o vício está dando lugar à fadiga”. Como mostrou matéria do The New York Times, assinada por Jema Wortham e Nicole Perlroth, traduzida na edição do Estadão de 19/11, pg B16, um estudo feito por duas consultorias, a Pew Internet e a American Life Project, concluiu que  maioria dos usuários do Face faz pausa de algumas semanas do serviço, citando o tédio e a irrelevância de seu conteúdo.

Os números dessa pesquisa são reveladores: entre os usuários jovens, dos 18 aos 29 anos, os mesmo que projetaram o Facebook transformando-o no site social predominante, 38% disseram que pretendem ficar menos tempo na rede social neste ano.

Nenhuma novidade nisso: a pesquisa confirmou algo que a empresa já sabia. Na última conferência da empresa com seus investidores, os executivos já disseram que os usuários mais jovens passam menos tempo usando o serviço; mas, no geral o envolvimento dos adolescentes segue estável.

O verdadeiro problema é que este “cansaço” também deu início ao abandono paulatino dos desenvolvedores, os que criam aplicativos para a plataforma Facebook. Para qualquer grande companhia encontrar fontes de desenvolvimento é o grande desafio. Seus executivos usaram as últimas aquisições exatamente para gerar este crescimento.

No caso da Snapchat, a compatibilidade com o Facebook é vaga. A startup está concentrada no que é temporário e oferece privacidade. Já o Facebook instiga seus usuários a compartilhar mais e mais e tem como base identidades reais.

As estratégias de expansão no mundo digital podem ter mudado de novo. E ainda mais rápido.

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