O Facebook acertou ontem a compra da CTRL-labs, uma startup dos Estados Unidos que está desenvolvendo uma tecnologia que permite às pessoas controlar dispositivos eletrônicos com o cérebro.
Numa postagem na rede social na segunda-feira, Andrew Bosworth, diretor de realidade virtual e realidade aumentada do Facebook, afirmou que a aquisição é parte de um esforço para criar “meios mais naturais e intuitivos de interação com dispositivos e a tecnologia”.
“A visão para esse trabalho é uma pulseira que permite às pessoas controlar seus dispositivos como uma extensão natural dos movimentos”, escreveu. “É assim que nossas interações com a realidade virtual e a realidade aumentada poderão ser um dia. Isso poderá mudar a maneira como nos conectamos.”
O Facebook vai pagar cerca de US$ 1 bilhão, segundo uma fonte a par do negócio – mesmo valor que desembolsou pelo aplicativo de compartilhamento de fotografias Instagram, em 2012.
O Facebook não quis se manifestar sobre o valor do negócio, que ainda não foi concluído. Ninguém na CTRL-labs foi encontrado para comentar o assunto.
A compra ocorre no momento em que o Facebook enfrenta uma série de investigações antitruste pelas autoridades reguladoras dos Estados Unidos. Elas incluem investigações para descobrir se a companhia usou aquisições de concorrentes, como o Instagram, WhatsApp e Onavo como um meio de eliminar a competição. As aquisições foram aprovadas pelas autoridades reguladoras.
A CTRL-labs, sediada em Nova York, está entre um número crescente de empresas que usam a neurotecnologia para tentar conectar os pensamentos humanos a computadores. O setor está em sua infância, mas o entusiasmo é palpável.
Em julho, a Neuralink, empresa fundada em 2016 pelo presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, falou sobre a “simbiose humana com a inteligência artificial”.
“Esse campo está progredindo muito rapidamente”, disse o presidente-executivo da CTRL-labs, Thomas Reardon, ao “Financial Times”, em julho. “Podemos fazer coisas que não contemplávamos há apenas cinco anos.”
Fundada em 2015, a CTRL-labs difere de outras empresas da área por usar apenas tecnologias não-invasivas, que não exigem cirurgias, concentrando-se no desenvolvimento de uma pulseira que lê os sinais elétricos do cérebro do usuário para mapear e movimentar o braço digital numa tela, mesmo que a pessoa não esteja se movendo.
A CTRL-labs levantou US$ 67 milhões em três rodadas de financiamento, a última delas de US$ 28 milhões, em fevereiro deste ano, segundo a Crunchbase. Seus investidores incluem a GV, braço de investimentos em participações da Alphabet, e o Alexa Fund, da Amazon.
Ela agora vai se tornar parte da equipe Reality Labs do Facebook, que reúne os pesquisadores e engenheiros encarregados de desenvolver óculos de realidade aumentada, segundo afirmou Bosworth.
“Eis como a tecnologia vai funcionar: Você possui neurônios em sua medula espinhal que enviam sinais elétricos para os músculos das suas mãos dizendo a eles que se movimentem de maneiras específicas, como para clicar um mouse ou pressionar um botão”, acrescentou.
“A pulseira vai decodificar esses sinais e traduzi-los em um sinal digital que seu dispositivo poderá entender. Vai capturar suas intenções de modo que você poderá compartilhar uma fotografia com um amigo usando um movimento imperceptível ou apenas a vontade de fazer isso.”
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/09/25/facebook-compra-startup-que-le-a-mente.ghtml