Europa anuncia plano de segurança para rede 5G

A Comissão Europeia anunciou ontem que os países da União Europeia (UE) terão que compartilhar dados sobre riscos à segurança cibernética e adotar medidas para corrigi-los até o fim do ano, rejeitando apelos dos Estados Unidos para banir a chinesa Huawei Technologies em todo o bloco.
O braço executivo da UE disse que o objetivo é usar as ferramentas disponíveis sob as atuais regras de segurança mais a cooperação transfronteiriça, deixando para cada país do bloco decidir se quer banir alguma empresa com base em questões de segurança nacional.
Áustria, Bélgica, República Tcheca, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Holanda, Lituânia e Portugal estão preparando licitações para construção de rede 5G neste ano, e outros seis países farão o mesmo no ano que vem.
A decisão da UE ocorre em meio à forte pressão dos EUA para boicotar a Huawei, com base em temores de que a China vá usar o equipamento da empresa para fazer espionagem. A Huawei nega as alegações e está processando o governo americano.
O chefe da área digital da Comissão Europeia, Andrus Ansip, disse que as medidas anunciadas tinham como objetivo tratar das preocupações sobre a possibilidade de governos estrangeiros usarem empresas para espionagem.
Na semana passada, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que a Europa estava despertando para a potencial predominância chinesa na região.
Ansip afirmou que a tecnologia 5G transformaria a economia e a sociedade, mas ela não poderia acontecer sem a incorporação de medidas de segurança plenas. “É, portanto, essencial que a infraestrutura do 5G na UE seja resiliente e completamente segura com relação aos backdoors [acessos ilegais] técnicos ou jurídicos”, disse.
Os países da UE têm até o fim de junho para analisar os riscos à segurança cibernética relativos ao 5G, para chegar a uma avaliação geral, de todo o bloco, até 1o de outubro. A partir dela, os países da UE precisariam entrar em acordo até o fim do ano sobre medidas para mitigar os riscos.
Tais medidas podem incluir exigências de certificação e testes de produtos ou fornecedores considerados como riscos potenciais à segurança. O bloco decidirá até 1o de outubro de 2020 se vai adotar outras medidas.
O bloco já aprovou uma nova lei para dar status permanente à Agência de Segurança Cibernética da UE e diretrizes para a certificação em segurança cibernética.
A Huawei considerou a abordagem da UE objetiva e equilibrada. Seus comentários foram reiterados pelo grupo de lobby de telecomunicações GSMA, que inclui 300 operadoras ao redor do mundo, enquanto a Associação Europeia de Operadoras de Redes de Telecomunicações enfatizou a importância de uma política uniforme e baseada em fatos.
A Deutsche Telekom informou que está aberta à troca de informações com outras operadoras para aprimorar a segurança da rede.
As grandes operadoras de telecomunicações são contra banir a Huawei, argumentando que tal medida poderia atrasar em vários anos a instalação do 5G.
A Huawei -líder mundial na fabricação de equipamentos de telecomunicações e concorrente da Ericsson (da Suécia) e da Nokia (Finlândia) – enfrenta um intenso escrutínio no Ocidente a respeito de sua relação com o governo chinês e das acusações dos EUA de que seus equipamentos podem ser usados para espionagem.
A Austrália e a Nova Zelândia impediram suas operadoras de usar equipamentos da Huawei em suas redes 5G.

https://www.valor.com.br/internacional/6183495/ue-anuncia-plano-de-seguranca-para-rede-5g#

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