EUA e China tentam tranquilizar mercados

Pequim e Washington tentaram ontem assegurar aos mercados financeiros que sua trégua comercial poderá levar a uma paz duradoura, depois que uma onda global de venda de ativos expôs o temor dos investidores quanto à falta de um acordo sólido no acerto firmado entre os Estados Unidos e a China na reunião do G-20.
Em seus primeiros comentários desde a trégua firmada no fim de semana entre os presidente Xi Jinping e Donald Trump, o governo chinês disse estar “confiante” de que um acordo abrangente poderá ser alcançado antes do vencimento do período de congelamento das tarifas em três meses.
Trump elogiou os “sinais muito fortes” de Pequim e tentou atribuir o silêncio de dias dos líderes chineses, que ajudou a inquietar os mercados, às “longas viagens que eles fizeram, que incluíram paradas”, na volta do G-20. “Sem parecer ingênuo, acredito que o presidente Xi falou sério em cada palavra que disse sobre nosso longo e histórico encontro”, tuitou Trump.
Apesar do entusiasmo bilateral, a maioria das bolsas fecharam ontem em baixa. As perdas, porém, foram menores que as de terça-feira em Wall Street. A maioria dos mercados americanos teve folga ontem em razão do funeral do ex-presidente George H.W. Bush.
“A China está tentando dar um rosto positivo e um tom positivo à situação, embora eu não ache que alguma coisa tenha sido resolvida”, disse Michael Underhill, diretor de investimentos da Capital Innovations. “Poderemos ter um pouco de alívio amanhã [hoje], mas não acho que conseguimos algo definitivo em termos das tarifas e das negociações comerciais.”
Trump semeou confusão ao declarar que, em troca de adiar o planejado aumento nas tarifas sobre exportações chinesas para os EUA por ao menos três meses, Pequim concordou em reduzir e possivelmente revogar todas as tarifas sobre os automóveis fabricados nos EUA. Ele também sugeriu que as compras em grandes escala pela China de produtos agrícolas americanos seriam retomadas já.
A reação de Pequim ontem, numa breve nota do Ministério do Comércio, não fez nenhuma referência às afirmações de Trump.
“A reunião [no G-20] parece ter dado uma pausa na trajetória negativa das relações bilaterais”, disse Andrew Polk da consultoria Trivium, de Pequim. “Mas ela não reverteu essa trajetória.”
A China impôs uma tarifa punitive de 40% sobre as importações de automóveis dos EUA – ante sua taxa padrão de 15% – e também elevou as tarifas sobre a importação de soja e outros produtos agrícolas dos EUA. Não está claro se o governo chinês vai suspender as tarifas antes de um acordo final.
Pequim vem insistindo que está se mexendo para liberalizar suas regras para investimentos estrangeiros e combate ao roubo de propriedade intelectual, duas questões que estão no topo da lista de reclamações de Trump. Numa nota separada ontem, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma esboçou uma série de punições mais duras para empresas que forem pegas violando direitos de propriedade intelectual.
O regime chinês de proteção aos direitos de propriedade intelectual vem melhorando regularmente nos últimos anos, mas
ele não responde às acusações dos EUA de “transferências forçadas de tecnologia” através das estruturas obrigatórias de joint ventures em certos setores.

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