Equipe de transição trabalha em medidas de impacto logo de início

Enquanto Donald Trump atraía multidões para seus comícios de campanha, um pequeno grupo de aliados – inclusive uma equipe dedicada à construção de um muro ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México – se reunia num escritório, em Washington, para planejar os primeiros meses de mandato do presidente eleito.

A equipe de transição de Trump, tal como suas operações de campanha, é muito menor do que a dos candidatos republicanos anteriores e não produziu as volumosas propostas de política e legislação exigidas por eles, inclusive Mitt Romney, quatro anos atrás, como mostrou materia do The Wall Street Journal, assinada por Michael C. Bender e Beth Reinhard , publicada no Valor de 10/11.

Em vez disso, a equipe produz sobretudo memorandos de no máximo 20 páginas sobre itens específicos: O que Trump precisa saber sobre o Departamento do Tesouro? Qual é a finalidade do Conselho Econômico Nacional? Quais questões têm prioridade no primeiro dia, nos primeiros 100 dias e nos primeiros 200?

A equipe também está montando uma lista de pessoas para preencher os principais cargos no governo Trump. Alguns têm estado bem próximos ao presidente recém-eleito. Entre os cogitados para secretário de Justiça estão o governador de Nova Jersey, Chris Christie, um dos principais consultores da campanha e chefe da equipe de transição de Trump, e o governador de Arkansas, Asa Hutchinson, dizem dois assessores. A pequena equipe de campanha de Trump, que incluiu Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York, e Newt Gingrich, ex- presidente da Câmara, pode formar o núcleo do novo governo. Os nomes discutidos para o departamento de Saúde e Serviço Social incluem o governador da Louisiana, Bobby Jindal, e Ben Carson, um dos rivais de Trump nas primárias.

O chefe de gabinete deve ser apontado daqui a duas semanas, e haverá uma corrida para nomear e aprovar o gabinete até duas semanas antes da posse, diz Mike Leavitt, ex-governador de Utah e consultor da equipe de transição.

“A prioridade é colocar uma equipe em campo”, diz Leavitt. “Vamos começar a ver propostas significativas sendo apresentadas, embora sem necessariamente a expectativa de que sejam aprovadas de imediato. Mas existe a necessidade de colocar as propostas à mesa. Não sei até que ponto elas estão preparadas neste momento.”

Trump esboçou um plano geral dos seus primeiros dias no cargo num discurso em outubro, na cidade de Gettysburg, Pensilvânia, que foi ofuscado na ocasião por sua ameaça de processar mulheres que o acusaram de assédio sexual.

As medidas, disse ele, seriam destinadas a acabar com a corrupção e “o conluio de interesses especiais”. Ele também prometeu proteger os trabalhadores americanos e “restaurar a segurança e o Estado de direito constitucional”.

O plano incluía congelar a contratação de novos servidores federais, excetuando cargos militares e de segurança e saúde pública. Ele prometeu eliminar duas regulações para cada nova criada. E quer impor uma quarentena de cinco anos antes que pessoas que deixem o Executivo e Legislativo possam trabalhar como lobistas.

Em seus primeiros dias no cargo, Trump pretende anunciar que vai reabrir o Tratato Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) e se retirar da Parceria Transpacífico (TPP). Ele planeja pedir a seu secretário de Comércio para identificar, e então remediar, todos os “abusos” de comércio exterior “que afetam injustamente os trabalhadores americanos”. E quer ainda cancelar restrições à exploração de reservas de petróleo, aprovar o oleoduto Keystone e cancelar bilhões de dólares em pagamentos aos programas das ONU destinados a mitigar as mudanças climáticas.

O empresário nova-iorquino prometeu revogar a promessa do presidente Barack Obama de proteger contra a deportação imigrantes sem documentos trazidos para o país na infância, além de começar a deportar até 2 milhões de imigrantes sem documentos que tenham antecedentes criminais.

“Ele vai se concentrar em três a cinco reformas estruturais desde o primeiro dia, incluindo o controle da fronteira sul”, disse Gingrich sobre os primeiros cem dias do governo Trump. “Isso vai incluir, quase com certeza, uma reforma radical do serviço público para permitir demitir pessoas incompetentes, ou corruptas, ou que estejam infringindo a lei”.

A equipe de transição, que se reúne a cerca de um quarteirão da Casa Branca, ocupa dois andares. Os que trabalham nas nomeações se reúnem num deles, incluindo Christie, que chefia a transição; Rich Bagger, ex-senador de Nova Jersey, hoje diretor-executivo da transição; e Ed Feulner, ex-presidente do grupo de estudos Fundação Heritage e principal assessor da equipe para política doméstica. No outro andar ficam as cinco principais equipes de políticas, sob a supervisão de Ron Nicol, ex-oficial da Marinha e veterano consultor do Boston Consulting Group.

A equipe econômica é liderada por William Walton, diretor de uma empresa de private equity, e David Malpass, que foi economista-chefe do banco Bear Stearns e candidato republicano ao Senado em Nova York, em 2010.

A equipe de imigração é composta por pessoas ligadas ao senador Jeff Sessions, republicano do Alabama que há muito defende leis de imigração mais rígidas, e inclui um grupo dedicado a planejar a construção do muro de Trump na fronteira entre os EUA e o México.

“Esta é a minha promessa para vocês”, disse Trump em Gettysburg. “Se seguirmos esses passos, teremos mais uma vez um governo do povo, pelo povo e para o povo. E, o mais importante, tornaremos a América grande outra vez.”

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