Empresas dos EUA criticam medidas anti­imigração

O número de grandes empresas que estão atacando as restrições impostas pelo presidente Donald Trump à imigração aumentou ontem. A Ford, o Goldman Sachs e o Citigroup criticaram a medida, arriscando-se a colidir frontalmente com Trump.
Essas empresas são os primeiros grandes grupos americanos fora do setor tecnológico a se oporem às restrições. Ao criticar diretamente as políticas de Trump, elas contestam um presidente que está muito disposto a atacar líderes empresariais pelo Twitter, como mostrou artigo do Financial Times, assinado por Courtney Weaver, publicado no Valor de 31/01
Bill Ford, presidente-executivo da Ford, e Mark Fields, executivo-chefe da montadora, disseram em nota: “Não apoiamos essa política nem nenhuma outra que vá contra nossos valores como companhia”.
Lloyd Blankfein, executivo-chefe do Goldman Sachs, disse em nota aos funcionários: “Essa não é uma política que apoiamos. Há potencial de efeitos prejudiciais à empresa e especialmente a parte do nosso pessoal e a suas famílias”.
O Citi escreveu: “Como empresa americana e a instituição financeira mais globalizada do mundo, estamos preocupados com o recado enviado pela ordem executiva [de Trump] bem como com o impacto que as políticas de imigração podem ter na nossa capacidade de atender nossos clientes e de contribuir para o crescimento”.
O otimismo generalizado dos agentes econômicos de que a Presidência de Trump seria boa para a economia americana parece ter sofrido um golpe com as restrições à imigração, que impedem cidadãos de sete países de maioria muçulmana de viajar para os EUA por 90 dias e veda, por período indeterminado, o ingresso de refugiados sírios nos EUA.
Vários executivos de empresas de tecnologia, como Tim Cook, da Apple, condenaram a medida. Sergey Brin, cofundador do Google, aderiu a uma manifestação contra a medida no Aeroporto Internacional de São Francisco.
Mas a maioria das grandes empresas americanas evitou criticar a medida. A GM não quis comentar.
Jeff Immelt, executivo-chefe da General Electric, disse em seu blog que a empresa ficará ao lado de seus clientes do Oriente Médio e que “fará com que nossa voz seja ouvida pelo novo governo e pelo Congresso, reiterando a importância dessa questão”. Mas não criticou frontalmente a medida.
A Ford, no entanto, disse ser contrária às restrições de viagem porque “o respeito por todas as pessoas é um valor essencial da Ford Motor Company, e nos orgulhamos da rica diversidade apresentada por nossa companhia”.
Blankfein expôs opinião semelhante. “Respaldar a diversidade não é opcional; é o que temos de fazer”, disse. Ele apoiou a candidata democrata Hillary Clinton na disputa presidencial, mas vários ex-funcionários do banco foram escolhidos para altos cargos na equipe de Trump, entre os quais Steven Mnuchin, nomeado secretário do Tesouro.

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