A opção está feita: nada menos do que 6 milhões de carros serão fabricados no Brasil por ano. A produção automobilística do País deve aumentar no mínimo 50% nos próximos três anos. Quem se assusta com os congestionamentos, já comuns até nas cidades médias, tem razão para ficar um pouco apreensivo. Quem olha para a aceleração do consumo que esta decisão constrói, também tem razão para ficar contente.
A capacidade atual das montadoras instaladas no Brasil é de 4,3 milhões de veículos por ano. Até 2015, no máximo irá tingir 6,6 milhões de carros produzidos a cada 12 meses. Esse salto de mais de 50% é produto dos fortes investimentos na capacidade instalada dessa indústria. Essa projeção é sustentada na movimentação das empresas do setor que anunciam novas fábricas no País, atentas no mercado interno bem aquecido. Sem esquecer, óbvio, os efeitos impulsionadores das medidas de redução de impostos anunciadas.
Apenas com as vindas das “newcomers”, as montadoras japonesas e francesas que chegaram no Brasil desde o final dos anos 90, os novos investimentos anunciados somam US$ 3,5 bilhões, ou R$ 6,8 bilhões, como mostrou a matéria do Valor Econômico na edição de 29 de outubro, pg B8. Com as montadoras mais tradicionais, os investimentos serão muito maiores. Para as fábricas filiadas à Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) , que já estão no Brasil desde os anos 1960, os projetos sinalizam aportes de R$ 41,8 bilhões, cerca de US$ 22 bilhões. Tudo para os próximos três anos.
Esses números fazem parte de exaustivo levantamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES. No ciclo anterior de investimentos das montadoras, de 1991 a 2011, foram alocados US4 17,5 bilhões. No atual ciclo, os recursos mais que dobraram em período muito mais curto.
Novos recursos também chegarão para o segmento de autopeças. O Sindipeças, o sindicato da indústria de componentes para veículos automotores, mostrou que os aportes para o setor até 2015 somam nada menos que US% 9,5 bilhões.
A atração desses recursos tem sempre a mesma origem: a ascensão da chamada nova Classe C, que criou novos consumidores de bens duráveis, com a melhora de renda e mercado de trabalho bem mais favorável. Outro aspecto é que a expansão tem relação com subida na participação brasileira na produção mundial automotiva. Nos últimos 20 anos a trajetória da indústria brasileira nesse setor foi sempre ascendente.
Cabe tanto veículo no Brasil? A resposta é imediata dos técnicos: o País tem uma relação de 6 habitantes por carro. Nos EUA, por exemplo, é um por um e na Europa rica é um carro para cada 2 habitantes. Portanto, a janela de oportunidade está posta. O BNDES avisa que a indústria irá aproveitá-la.