Investidores nervosos exageraram a ameaça de uma recessão nos Estados Unidos, dizem economistas, mas os anos de crescimento abundante acabaram, com a maior economia do mundo rumando para uma desaceleração.
A queda global das ações iniciada na última sexta-feira (2) e que adentrou nesta semana, foi desencadeada por preocupações com a saúde da economia dos EUA, incluindo um relatório mais fraco que o esperado sobre o nível de emprego.
Os preços das ações caíram enquanto os investidores culparam o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, por manter as taxas de juros altas demais, na faixa de 5,25% a 5,5%, mesmo com o aumento dos sinais de que a economia está esfriando.
Mas a maioria dos economistas acredita que os EUA ainda conseguirão alcançar um chamado pouso suave, com a inflação caindo para a meta do FED.
O relatório de sexta-feira sobre o emprego incluiu o quarto aumento mensal consecutivo da taxa de desemprego, para 4,3%. Ele veio depois de resultados fracos de empresas como McDonald’s e Diageo, sugerindo uma fraqueza nos gastos do consumidor americano.
Os números deixaram alguns analistas preocupados com a possibilidade de os EUA mergulharem em uma recessão profunda o suficiente para tirar a economia mundial do rumo.
“Uma vez que você começa a se preocupar com uma recessão, geralmente você está em uma recessão”, disse Andrew Hollenhorst, economista do Citigroup. “Uma vez que você vê a taxa de desemprego subir, em ciclos econômicos passados, esse é sempre o estágio em que você começa a ver as demissões temporárias se transformarem em permanentes.”
Pressão dos dados para cortar juros
Os dados também aumentaram a pressão sobre as autoridades do Comitê de Mercado Aberto do Fed, o Fomc, para que elas cortem as taxas de juros na próxima reunião, em setembro. Até agora, elas permaneceram calmas. Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chacagi e membro do Fomc, brincou, na segunda-feira (5), que o mercado de ações “tem muito mais volatilidade” do que o banco central dos EUA.
No entanto, os mercados estão precificando quatro ou cinco cortes de um quarto de ponto nos juros dos EUA este ano, comparado com três antes da divulgação dos dados sobre o emprego na semana passada.
“Se você faz parte do Fomc, o risco de ação versus o risco de inação mudou fundamentalmente”, disse Adam Posen, diretor do centro de estudos Peterson Institute for International Economics.
Ainda assim, os economistas acreditam que os dados recentes são menos preocupantes do que os pessimistas pensam, argumentando que as evidências sugerem que os EUA ainda estão próximos do pleno emprego.
Capacidade de consumo dos consumidores
Outra preocupação é a capacidade de os consumidores americanos continuarem conduzindo o crescimento se o desemprego continuar aumentando e as economias formadas durante a pandemia continuarem diminuindo.
As taxas de inadimplência dos empréstimos para aquisição de automóveis e dos cartões de crédito aumentaram, especialmente entre as famílias de renda mais baixa. Mas eles ainda não são os níveis associados à crise financeira de 2008, segundo dados do Fed de Nova York.