Donos da Ambev compram a Heinz. O que interessa é o que eles querem depois.

Os brasileiros chegaram mesmo ao mercado norteamericano. Primeiro foi a Budweiser. Depois o Burger-King. Agora chegou a vez da Heinz que entrou ontem na lista de bons negócios feitos pela 3G, dos brasileiros, Paulo Lemann, Beto Sucupira e Marcel Teles. Entre outros empreendimentos, os três fundaram a Ambev.
O negócio foi coisa de “gente grande”. Os brasileiros se uniram ao megainvestidor Warren Buffet e gastaram US$ 28 bilhões para comprar a Heinz, fundada em 1868. A ideia é transformar a empresa em uma potência no setor de alimentos.
O mais interessante foi o método do negócio. Os investidores brasileiros são conhecidos por buscar pechinchas que precisam de melhor gestão, por muitas razões, às vezes apenas por “envelhecimento” dos processos. É verdade que a Heinz é uma marca que nos últimos anos ficou bem mais global do que americana. Esse era o ponto que mais interessava aos novos investidores. . A mídia destacou o fato de que dois terços da receita da Heinz já vêm de fora dos EUA.
O negócio, em si mesmo, custou bem caro. Os investidores pagaram 30% a mais no preço das ações para ficar com a totalidade da empresa. Não querem interferências, portanto, na nova direção. Vale notar que dos US$ 28 bilhões pagos pela empresa, cinco bilhões deles foram destinados ao pagamento de dívidas anteriores da Heinz. Como é de praxe nos investimentos de Buffet, ele não s e envolverá na gestão. Portanto, o comando ficará, efetivamente, com os donos da 3G. A engenharia financeira do negócio foi “respeitável”. Cada parte, a 3G e Buffet , pagarão de imediato US$ 4 bilhões cada. O restante virá de um pool de bancos comandado pelo JP Morgan Chase e Wells Fargo.
O mais relevante do empreendimento é a confirmação do interesse de megainvestidores como Buffet em apropriar-se de um know-how em gestão específico para mercados emergentes. . Nestes mercados as expectativas de crescimento são impressionantes.
Repetir os modelos de gestão dos países centrais nos “noivos mercados” não tem alcançado bons resultados. O modelo da 3G é exatamente o oposto, adaptar-se e “entregar resultados”. O mercado notou que o apetite de investidores desse porte não deve parar na Heinz. A tendência é ampliar o envolvimento no ramo de alimentos.

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