Jeff Bezos, fundador e presidente-executivo da Amazon, está bem a caminho de se tornar a pessoa mais rica do planeta, com patrimônio líquido da ordem de US$ 80 bilhões. O que fica menos claro é o que ele planeja fazer com a sua fortuna e de que maneira poderia reinventar a filantropia.
Nesta quinta-feira (15), respondendo a perguntas do “New York Times” sobre o montante de suas doações para caridade, Bezos postou no Twitter uma “solicitação de ideias” filantrópicas. “Estou pensando em uma estratégia de filantropia que seja o oposto da maneira pela qual costumo usar meu tempo —ou seja, trabalhando em longo prazo”, ele escreveu. “Para a filantropia, o que me atrai mais parece ser o exato oposto: o que se pode fazer imediatamente” como mostrou matéria do The New York Times, assinada por Robert Frank, publicada na Folha de S. Paulo de 19/06.
Mencionando um programa para moradores de rua com o qual sua empresa colabora em Seattle, a cidade que abriga a sede da Amazon, Bezos disse que estava procurando ajudar as pessoas “na interseção entre a necessidade urgente e o impacto duradouro”, acrescentando que “se você tiver alguma ideia, responda a esta mensagem”.
É uma mensagem típica de Bezos —desafiar o conhecimento convencional, buscar a sabedoria do mercado e ao mesmo tempo mencionar os diversos negócios em que ele está envolvido. Mas ela não responde a uma questão que deve se tornar mais frequente, se e quando ele se tornar o homem mais rico do planeta: quais são seus planos para doar sua riqueza, no todo ou em parte?
Tomando por base o seu post no Twitter e conversas com pessoas que conhecem Bezos, ele quer criar um novo caminho para tratar de problemas sociais, em lugar de simplesmente escrever cheques para organizações sem fins lucrativos. O desejo de Bezos de receber sugestões do público e bancar projetos filantrópicos para o “aqui e agora” sugerem um possível direcionamento novo e audacioso para a filantropia.
Bezos também considera que organizações com fins lucrativos podem ser uma forma mais efetiva de resolver certos problemas sociais.
“Em muitos casos, modelos com fins lucrativos geram mais melhora para o mundo do que modelos filantrópicos”, ele disse em uma entrevista a Charlie Rose em 2010.
“Sabemos que ele não vem sendo muito receptivo à filantropia tradicional”, disse Steve Delfin, um consultor de filantropia que assessora empresas e famílias ricas em Washington. “Meu palpite é que chegará um momento em que ele criará um modelo inovador, ou uma abordagem híbrida. E talvez, como a Amazon, ele realmente venha a fazer melhor”.
Bezos, que detém 17% das ações da Amazon, desfrutou do que talvez possa ser descrito como a mais rápida alta de patrimônio pessoal em todos os tempos. Porque o preço das ações da Amazon mais que triplicou de 2015 para cá, o líder da companhia elevou em mais de US$ 50 bilhões o seu patrimônio líquido, que no momento atinge os US$ 84 bilhões, de acordo com o Índice de Bilionários Bloomberg. Ele agora está a menos de US$ 6 bilhões de distância de capturar o título de pessoa mais rica do planeta, ultrapassando Bill Gates, que deteve essa posição em 18 dos últimos 23 anos.
A riqueza de Bezos é prova do crescimento aparentemente inesgotável da Amazon e de seu domínio em ampla variedade de campos, entre os quais o varejo on-line e a computação em nuvem. E ela cria uma nova lenda para a máquina do mito da riqueza americana, estrelada por um jovem de classe média, filho adotivo de um pai nascido em Cuba, que escolheu deixar seu emprego em Wall Street e vender livros on-line da garagem de sua casa, criando uma empresa que hoje vale quase meio trilhão de dólares.