Disney quer unir a lógica do videogame à atividade física

Esqueça brincadeira como brincadeira. Durante mais de dois anos, dentro de um laboratório da Walt Disney desenvolvido para se assemelhar a um quarto infantil, crianças com menos de 10 anos testaram secretamente uma versão caseira da avançada armadura do Homem de Ferro.

A meta da Disney: usar sistemas sem fio, sensores de movimento e tecnologia vestível para encontrar um equilíbrio entre aquilo que as crianças querem fazer (mexer em telas e jogar videogames) e aquilo que seus pais prefeririam que fizessem (brincadeiras com mais atividade física), como revelou matéria do The New York Times, publicada pelo estadão de 05/06, pg B8.

A Walt Disney Company mostrou a linha de brinquedos resultante da pesquisa, chamada Playmation, que chegará às lojas em outubro. Por cerca de US$ 120, um pacote inicial inspirado nos Vingadores incluirá uma luva vermelha “repulsora” do Homem de Ferro para ser usada na mão e antebraço direitos, e quatro brinquedos inteligentes, entre eles dois bonecos articulados.

Usadas em conjunto, as diferentes peças conduzem as crianças por missões para destruir vilões – correr, pular, se esquivar, saltar, atirar. Um aplicativo ligado ao brinquedo oferece acesso a objetivos e poderes adicionais. “São brincadeiras mais físicas para uma geração digital”, disse Thomas O. Staggs, diretor de operações da Disney, por e-mail.

Os analistas que tiveram a oportunidade de testar o Playmation dizem que o brinquedo pode solucionar uma charada que foi muito abafada na indústria tradicional dos brinquedos: e se os brinquedos pudessem responder à brincadeira? A resposta pode garantir a relevância de empresas como Hasbro e Mattel – e Disney – para as futuras gerações de crianças.

“Vejo a nova linha de brinquedos como revolucionária, especialmente para a área de brinquedos de ação e faz de conta”, disse em entrevista Jim Silver, editor do site TTPM, especializado em brinquedos. “O que a Disney fez foi tão sofisticado que acho que a palavra ‘brinquedo’ não serve para descrever o novo invento.”

Esse pode ser um terreno acidentado. As iniciativas para criar brinquedos inteligentes costumam provocar reações rápidas e incisivas por parte das organizações de consumidores, com foco principalmente na privacidade. O mais recente exemplo é a nova Hello Barbie, da Mattel, que se conecta à internet e registra a fala da criança, analisando-a para oferecer repostas pertinentes.

O grupo Campaign for a Commercial-Free Childhood, com sede em Boston, batizou a boneca imediatamente de “Barbie Bisbilhoteira”, e começou a organizar pais contra a Mattel. A fabricante de brinquedos, cujo lucro teve queda de 45% no ano passado – em parte por causa do menor interesse na linha Barbie tradicional – defendeu a boneca digital, citando substanciais proteções à privacidade.

Consciente dessa armadilha, a Disney “projetou a linha Playmation sempre pensando na privacidade”, disse Kareem Daniel, vice- presidente sênior de estratégia e desenvolvimento de negócios da Disney Consumer Products. Os componentes da linha Playmation foram intencionalmente pensados para não se conectarem à internet durante a brincadeira, disse ele.

A Disney está saindo na frente com o lançamento da Playmation. Conjuntos inspirados na franquia Star Wars serão lançados no ano que vem; os protótipos mostrados na semana passada a um repórter traziam um treinamento para Jedis e truques de Darth Vader. Uma versão inspirada em Frozen é esperada para 2017. Voltados para crianças com idades entre 6 e 12 anos, os brinquedos também podem ser usados por adultos.
Com o imenso número de personagens do elenco Disney e uma tecnologia flexível para ser usada na plataforma, o potencial do Playmation é tremendo.

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