De vilã a heroína, a web ressuscita os “negócios da música”

Muita gente, no final dos anos 90, apostou que os “negócios da música” tinham acabado. Motivo: a troca de arquivos digitais deixou gravadoras e artistas bem assustados. O medo era justificado: o faturamento do setor despencou feio. Por exemplo, em 13 anos, a receita da indústria da música no Brasil caiu de US$ 1,3 bilhão em 1999, para US$ 257 milhões no ano passado.

Porém, o mesmo monstro destruidor do mundo da música, a internet, virou o salvador da pátria. Em 2012, as vendas mundiais de música voltaram a crescer pela primeira vez em mais de uma década. Motivo: a mesma web foi de vilã a heroína com a diversidade de modelos pagos que substituíram, ao menos parcialmente, a troca ilegal de arquivos pelos usuários, sem que as gravadoras recebessem um tostão.

O modelo do “streaming”, pelo qual o usuário ouve a música sem precisar comprar o arquivo foi a base dessa recuperação, como mostrou a matéria do Valor Econômico, de 5/11, pg B1. Foi este modelo que abriu o caminho para as assinaturas digitais como Spotfy, Deezer e Napster, além de rádios virtuais como Rdio, Lastfm. Em média, por R$ 15 mensais, o consumidor ouve suas faixas favoritas no smartphone, tablet ou computador, quando e onde quiser.

O nome do “salvador da pátria” é a mobilidade do “streaming”. A internet é, novamente, só o meio. Como os equipamentos móveis, o consumidor está conectado na web o tempo todo e os serviços por assinatura devolveram fôlego à indústria fonográfica. A receita global do setor no ano passado foi de US$ 16,5 bilhões, com alta de apenas 0,3% em relação a 2011. Esse foi o primeiro avanço desde 1998. E o que fez parar de cair foi a receita do “streaming”.

Muita gente que preferia fazer o download e ter posse da música ganhou escolhas mais seguras que os sites de troca de arquivos entre usuários, com todos os riscos. Lojas digitais, da Apple ou Amazon, cobram US$ 2 a faixa. Há serviços específicos para celular, como os ringback tones – música que o usuário ouve enquanto espera para ser atendido. Operadoras de telefonia cobram R$ 0,50 por dia para o usuário ouvir quantas músicas quiser. O serviço virou febre, nos últimos seis meses foram 13 milhões de acessos.

Nesse modelo de negócio, as empresas pagam às gravadoras pelo direito de compartilhar as músicas com os usuários. Bem diferente de qualquer versão pirata, seja do que for. O precursor de todo este movimento foi o iTunes. A loja virtual da Apple foi o complemento ideal para equipamentos que a empresa lançou para reproduzir música. A Apple é, hoje, o maior cliente de todas as gravadoras.

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