Dados mostram estrago na economia americana

Indicadores econômicos divulgados ontem nos EUA revelaram a escala do colapso na demanda do consumidor, na atividade industrial e na confiança, sugerindo que o impacto do confinamento é mais profundo do que se temia 

Assim como ocorreu na China durante o esforço para conter a pandemia da covid- 19, a economia americana também está parando como resultado do fechamento de shoppings, restaurantes, fábricas e minas. Dados divulgados ontem revelaram a escala do colapso na demanda do consumidor, na atividade industrial e na confiança, sugerindo que o impacto do confinamento é mais profundo do que se temia. 

As vendas no varejo, uma medida das compras em lojas, postos de gasolina, restaurantes, bares e on-line, caíram 8,7% em março, com ajuste sazonal em relação a fevereiro. Esta foi a maior queda desde o início da série histórica do Departamento do Comércio em 1992. As vendas nas lojas de roupas caíram mais de 50%. Gastos com veículos automotores, móveis, eletrônicos e artigos esportivos também tiveram quedas de mais de 10%. 

Em outro relatório, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) informou que a produção industrial dos EUA – uma medida que inclui manufatura, serviços públicos e mineração – caiu 5,4% em março em relação a fevereiro, com ajuste sazonal, sua maior queda desde 1946. A produção manufatureira – maior componente do índice – caiu 6,3% no mês, também a maior queda desde o fim da Segunda Guerra Mundial. 

Além disso, uma medida da confiança do setor de construção civil também sofreu uma queda recorde. O índice da Associação Nacional de Construtores de Casas caiu para 30 em abril, ante 72 em março. 

Os dados econômicos podem piorar ainda mais em abril, já que o fechamento de negócios só se generalizou na metade de março. 

“Estamos numa paralisação intensa e é de arrepiar”, disse Diane Swonk, economista- chefe da Grant Thornton. Segundo ela, os números relatórios de março são só um prelúdio do que está por vir. 

As quedas de março são “literalmente sem precedentes”, disse Craig Johnson, presidente da empresa de consultoria de varejo Customer Growth Partners. “Claramente abril será o mês mais cruel.” 

A economia americana entrou no mês de março mantendo a expansão econômica de 11 anos. Porém, no fim do mês milhões de trabalhadores haviam solicitado seguro-desemprego, com grandes empresas de varejo fechando lojas e buscando ajuda do governo. 

“A mensagem [dos indicadores] é que será um segundo trimestre brutal para a economia”, disse Joshua Shapiro, economista da empresa de consultoria MFR. “Mesmo que haja uma recuperação à medida que as empresas voltarem a funcionar, o retorno aos níveis de atividade de antes da crise levará muito tempo e provavelmente será medido em anos para os setores mais afetados.” 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/04/16/dados-mostram-estrago-na-economia-americana.ghtml

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