A primeira leitura importante sobre a economia da China no mês de maio confirma o que os dados de abril já haviam sinalizado: a força da recuperação do país depois da covid-19, que excedeu as expectativas no começo de 2023, perdeu um ímpeto significativo neste segundo trimestre.
O índice de atividade industrial caiu para 48,8 em maio, pior númenor número desde dezembro, segundo dados oficiais divulgados ontem. Números abaixo de 50 indicam a tendência de contração.
Mas a pesquisa também trouxe alguns pontos. O sub-índice de emprego do setor de serviços subiu ligeiramente para 48,3, contrariando a tendência de piora nos setores industrial e da construção — embora ainda permaneça abaixo de 50. A atividade no setor de serviços desacelerou mas permaneceu confortavelmente em território de expansão, em 53,8, mas abaixo do 54,5 de maio.
Tudo isso é consistente com a lenta recuperação do mercado de trabalho: o desemprego recuou de 5,3% em março para 5,2% em abril.
Mesmo assim, está claro que a recuperação perdeu algum brilho. No geral, as leituras dos índices dos setores manufatureiros e não manufatureiros caíram ainda mais após a queda acentuada de abril.
A fraca demanda por exportações é um fator, mas os principais culpados parecem ser a crise do setor imobiliário e o desemprego alto entre os jovens, além do fraco crescimento da renda.
A nova onda de recém-formados no terceiro trimestre vai agravar ainda mais o problema: a taxa de desemprego entre os jovens de 16 e 24 anos está acima de 20%. O problema é particularmente grave para os graduados do ensino superior — a taxa de desemprego nesta faixa está 40% acima da população em geral, segundo a consultoria Pantheon Economics.
Embora os dados sobre as moradias em geral tenham sido fracos em abril, o mais preocupante foi uma queda na concessão de crédito ao consumidor de médio e longo prazos – um sinal indireto de financiamento imobiliário. O crescimento anual do volume existente desse empréstimo estagnou, após três meses de altas. E o valor real existente caiu 211 bilhões de yuans (US$ 29,7 bilhões) em abril ante março, segundo números da empresa de dados CEIC. Foi a maior queda desde 2010.