Se não foi um sucesso estrondoso, a retaliação contra o ataque com armas químicas supostamente ordenado pelo ditador sírio, Bashar al-Assad, atingiu em parte o alvo que Donald Trump esperava.
Além dos afagos circunstanciais de boa parte da mídia, sua ação obteve bons índices de apoio em pesquisas. Na do Gallup, 50% dos americanos foram favoráveis; na da CBS News, 57%.
Para quem perdia prestígio em alta velocidade e sofria diária marcação de veículos e articulistas da grande imprensa, a trégua, por efêmera que seja, veio a calhar e pode ter dado ao presidente uma confirmação do valor de seus instintos pessoais de sobrevivência —o que é, no final das contas, um perigo, tratando-se de uma liderança com vocação personalista e autoritária, omo mostrou matéria da Folha, assinada em Marcos Augusto Gonçalves, publicada em 12/04. .
Trump já dclarou que não é presidente do mundo, mas dos EUA. “América primeiro”, como se sabe, é o seu lema. O mundo, já disse também, é “uma bagunça” que basicamente existe para prejudicar interesses norte-americanos. Melhor manter distância.
Era esse o discurso de campanha. Os EUA não iriam mais se meter no Oriente Médio. Atacar a Síria seria brincar com uma possível Terceira Guerra Mundial e a política de derrubar regimes seria sepultada. Remover Bashar al-Assad, como reafirmou os EUA na ONU, não era prioridade.
As promessas acabaram alvejadas por 59 mísseis Tomahawk. Não por acaso vários representantes do conservadorismo linha-dura que apoiaram Trump manifestaram-se contra a retaliação e ameaçaram sair do trem.
A reviravolta na política externa —se é que se pode falar em política externa— demonstra quão errático pode ser o presidente, a depender de suas intuições e de seu pragmatismo —e também dos resultados das estratégias propostas por seu círculo mais próximo de conselheiros.
E nesse terreno, a Casa Branca vê-se às voltas com outra confusão. O conselho de sábios do palácio está em guerra para conquistar influência sobre Trump.
O estrategista-chefe Stephen Bannon, que detesta muçulmanos, tem ojeriza ao establishment e quer refundar os EUA (e quem sabe o universo) com seu improvável ideário de “direita alternativa”, procura desempenhar o papel de guardião dos compromissos de campanha.
É o mentor, por exemplo, das ordens executivas contra a imigração. Mas está em flagrante declínio, enquanto Trump cada vez mais colide com a extrema direita, que lhe causou a grande frustração de não aprovar a reforma do Obamacare na Câmara.
A estrela em ascensão é Jared Kushner, o genro de 36 anos, também de família endinheirada, que poderia ser definido em matéria de política como um centrista da elite. Bannon passou as últimas semanas bombardeando Kushner. O site de notícias Breitbart, do qual o estrategista se afastou formalmente, publicou uma série de notícias desfavoráveis ao genro, que Bannon classifica como um democrata.
Outro alvo é o conselheiro para assuntos econômicos, Gary Cohn, um banqueiro que fez carreira no Golman Sachs, foi acusado de racismo em outros tempos, e é formalmente filiado ao Partido Democrata.
O terceiro ator da disputa é Reince Priebus, o chefe de gabinete, que foi presidente do Comitê Nacional do Partido Republicano. Também tem atritos com Kushner e Cohn, e disputa com Bannon a ala direita —é um homem de partido e não um ultraconservador contra tudo.
Trump já deu uma bronca pública em todos eles. Especula-se que estuda mudanças no gabinete. Os ventos por ora parecem apontar na direção do centro, numa tentativa de mais diálogo com o establishment e com os democratas.
Mas, claro, a biruta do populismo personalista de Trump (ele também já foi democrata) pode virar a qualquer minuto.
Se não foi um sucesso estrondoso, a retaliação contra o ataque com armas químicas supostamente ordenado pelo ditador sírio, Bashar al-Assad, atingiu em parte o alvo que Donald Trump esperava.
Além dos afagos circunstanciais de boa parte da mídia, sua ação obteve bons índices de apoio em pesquisas. Na do Gallup, 50% dos americanos foram favoráveis; na da CBS News, 57%.
Para quem perdia prestígio em alta velocidade e sofria diária marcação de veículos e articulistas da grande imprensa, a trégua, por efêmera que seja, veio a calhar e pode ter dado ao presidente uma confirmação do valor de seus instintos pessoais de sobrevivência —o que é, no final das contas, um perigo, tratando-se de uma liderança com vocação personalista e autoritária, omo mostrou matéria da Folha, assinada em Marcos Augusto Gonçalves, publicada em 12/04. .
Trump já dclarou que não é presidente do mundo, mas dos EUA. “América primeiro”, como se sabe, é o seu lema. O mundo, já disse também, é “uma bagunça” que basicamente existe para prejudicar interesses norte-americanos. Melhor manter distância.
Era esse o discurso de campanha. Os EUA não iriam mais se meter no Oriente Médio. Atacar a Síria seria brincar com uma possível Terceira Guerra Mundial e a política de derrubar regimes seria sepultada. Remover Bashar al-Assad, como reafirmou os EUA na ONU, não era prioridade.
As promessas acabaram alvejadas por 59 mísseis Tomahawk. Não por acaso vários representantes do conservadorismo linha-dura que apoiaram Trump manifestaram-se contra a retaliação e ameaçaram sair do trem.
A reviravolta na política externa —se é que se pode falar em política externa— demonstra quão errático pode ser o presidente, a depender de suas intuições e de seu pragmatismo —e também dos resultados das estratégias propostas por seu círculo mais próximo de conselheiros.
E nesse terreno, a Casa Branca vê-se às voltas com outra confusão. O conselho de sábios do palácio está em guerra para conquistar influência sobre Trump.
O estrategista-chefe Stephen Bannon, que detesta muçulmanos, tem ojeriza ao establishment e quer refundar os EUA (e quem sabe o universo) com seu improvável ideário de “direita alternativa”, procura desempenhar o papel de guardião dos compromissos de campanha.
É o mentor, por exemplo, das ordens executivas contra a imigração. Mas está em flagrante declínio, enquanto Trump cada vez mais colide com a extrema direita, que lhe causou a grande frustração de não aprovar a reforma do Obamacare na Câmara.
A estrela em ascensão é Jared Kushner, o genro de 36 anos, também de família endinheirada, que poderia ser definido em matéria de política como um centrista da elite. Bannon passou as últimas semanas bombardeando Kushner. O site de notícias Breitbart, do qual o estrategista se afastou formalmente, publicou uma série de notícias desfavoráveis ao genro, que Bannon classifica como um democrata.
Outro alvo é o conselheiro para assuntos econômicos, Gary Cohn, um banqueiro que fez carreira no Golman Sachs, foi acusado de racismo em outros tempos, e é formalmente filiado ao Partido Democrata.
O terceiro ator da disputa é Reince Priebus, o chefe de gabinete, que foi presidente do Comitê Nacional do Partido Republicano. Também tem atritos com Kushner e Cohn, e disputa com Bannon a ala direita —é um homem de partido e não um ultraconservador contra tudo.
Trump já deu uma bronca pública em todos eles. Especula-se que estuda mudanças no gabinete. Os ventos por ora parecem apontar na direção do centro, numa tentativa de mais diálogo com o establishment e com os democratas.
Mas, claro, a biruta do populismo personalista de Trump (ele também já foi democrata) pode virar a qualquer minuto.