Foi preciso usar a prorrogação. Ou, a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 19) em Varsóvia, na Polônia, terminaria em fracasso. Os representantes dos 196 países presentes ao encontro precisaram adiar o fim da conferência para conseguir um acordo mínimo para desbloquear as negociações e criar um plano de ação para um acordo global até a redução dos gases-estufa em 2015. Agora, a ideia é que o novo plano comece em 2020.
O acordo só saiu porque a palavra compromisso virou contribuição. O texto acertado no plano de ação substitui a palavra “compromisso” por “contribuição”, tornando-o bem mais fraco. Os países emergentes não aceitavam qualquer tipo de compromisso com a redução de emissões. A troca das palavras rompeu o impasse criado entre países ricos e pobres que imobilizaria o começo do plano de ação em 2015.
No último Pacto Global, o Protocolo de Kioto, como mostrou matéria do Globo de 24/11, pog 48, apenas os países ricos precisavam limitar suas emissões. Entendia-se que estas nações tinham alcançado seu desenvolvimento queimando combustível fóssil e lançando CO2 na atmosfera, portanto, elas deveriam pagar a conta.
Com a China ultrapassando os EUA em emissões globais e a Índia lançando cada vez mais gases-estufa, aumentou a pressão dos países ricos para que as nações em desenvolvimento também se comprometessem com cortes. Essa era a exigência da delegação americana, por exemplo.
Apenas após o final do período formal do encontro, quando ficou claro que os ricos não cederiam novamente, encontrou-se a proposta de trocar as palavras no texto do acordo final da conferência. Os ricos acabaram aceitando a palavra contribuição bem mais fraca para o tipo de pressão que queriam sobre os países pobres.
O financiamento de longo prazo para as questões climáticas também foi objeto de acordo. Foi feito o apelo para que os países ricos reunissem US$ 100 bilhões até 2020, a partir de fundos públicos e privados. Porém, nenhum acordo foi alcançado quanto a difícil questão das nações mais vulneráveis receberem alguma reparação dos ricos pelas perdas sofridas por anomalias climáticas que, no entender delas, é responsabilidade da extrema poluição das nações mais ricas.