China indica que liderará questão climática

Poucas horas depois de o presidente Donald Trump ter anunciado o maior ataque contra regulações que limitam emissões poluentes nos EUA, seu colega chinês, Xi Jinping, plantou árvores em Pequim e exaltou os habitantes do país mais populoso do mundo a respeitar a natureza. Ao mesmo tempo, seu governo declarava estar “100%” comprometido com o Acordo de Paris.
 O contraste marca a inversão de papéis entre os dois maiores poluidores do planeta e indica que a China assumirá a liderança mundial no combate à mudança climática, enquanto Trump se retira e aposta no renascimento de minas de carvão e da indústria de combustíveis fósseis, como mostrou artigo do Estadão publicado em 29/03
“Independentemente de outros países se comprometerem ou não com esses objetivos, a China está determinada a alcançar suas metas”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lu Kang. Segundo ele, Pequim manterá os esforços para colocar a economia do país no caminho “verde” e de redução do uso de combustíveis fósseis.
O acordo alcançado entre EUA e China para reduzirem suas emissões poluentes foi o que permitiu a aprovação do Acordo de Paris, em dezembro de 2015, lembrou Adam Beitman, do Sierra Club, uma das principais entidades ambientalistas americanas. “As medidas anunciadas por Trump indicam que a era da liderança dos EUA em questões climáticas foi interrompida”, observou. “Enquanto isso, a China está totalmente comprometida.”
Mas Beitman ressaltou que os principais anúncios da terça-feira vão demandar anos para serem implementados e enfrentarão questionamentos no Judiciário. Além disso, mudanças que ampliam o uso de energias renováveis são movidas por forças de mercado, que continuarão a transformar o setor energético. 
“Será difícil, mas é possível que os Estados Unidos alcancem as metas previstas no Acordo de Paris mesmo com a política de Trump”, ponderou Beitman. Os americanos se comprometeram a reduzir suas emissões entre 25% e 28% até 2025, em relação aos patamares de 2005.
O principal alvo das medidas anunciadas na segunda-feira é o Plano de Energia Limpa, adotado pelo ex-presidente Barack Obama em agosto de 2015. O documento impõe a redução de emissões das usinas de energia movidas a combustíveis fósseis, mas está suspenso desde fevereiro de 2016 pela Suprema Corte.
Ainda assim, 251 das 523 usinas alimentadas com carvão que existiam em 2010 fecharam as portas desde então, 5 das quais depois da posse de Trump. “Esse movimento está sendo impulsionado por forças de mercado e pela ação de ativistas”, ressaltou Beitman.
Segundo ele, o processo de revisão do Plano de Energia Limpa tem de cumprir procedimentos previstos em lei e vai demorar anos para ser concluído. Beitman observou ainda que os Estados americanos têm grande poder em regular o setor de energia e alguns deles, como Califórnia e Nova York, anunciaram que manterão suas políticas de redução de emissões.

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