O Ministério do Comércio da China afirma, em nota publicada neste domingo, 2, que apresentará uma medida judicial contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) e “tomará medidas correspondentes para salvaguardar firmemente seus direitos e interesses”, sem entrar em mais detalhes.
A declaração ocorre no contexto da aplicação de tarifas de 10% dos Estados Unidos contra produtos chineses, que deve começar a valer a partir de terça-feira, 4, após decreto assinado pelo presidente Donald Trump no sábado, 1º, relacionando a decisão a “questões como o fentanil”.
Decisão unilateral
A China diz que “o aumento unilateral de tarifas por parte dos Estados Unidos viola gravemente as regras da Organização Mundial do Comércio” e destaca estar “fortemente insatisfeita” com a decisão.
Para a segunda maior economia do mundo, a medida de aplicar tarifas por parte dos EUA “não só é ineficaz na resolução dos seus próprios problemas, mas também prejudica a cooperação econômica e comercial normal entre a China e os Estados Unidos”.
“A China espera que os Estados Unidos vejam e tratem o seu próprio fentanil e outras questões de forma objetiva e racional, em vez de ameaçarem outros países com tarifas. A China insta os Estados Unidos a corrigirem as suas práticas erradas, a encontrarem um meio caminho com a China, a enfrentarem os problemas de frente, a se envolverem num diálogo sincero, a reforçarem a cooperação e a gerirem as diferenças com base na igualdade, no benefício mútuo e no respeito mútuo”, completa a nota.
Nos últimos anos, a China se tornou indiretamente mais dependente do mercado americano. As exportações da China aumentaram para países como México e Vietnã, que montam componentes chineses em produtos acabados para reexportação para os Estados Unidos. A grande questão agora para a China é quantos outros países o presidente Trump atingirá com tarifas.
Isso tem criado um dilema para o governo chinês. Se fizer pouco em relação às tarifas americanas, pode parecer fraco aos olhos do povo chinês. Mas, se adotar uma postura mais rigorosa, corre o risco de começar uma guerra comercial global que pode prejudicar mais a China do que os Estados Unidos.
O superávit comercial da China – o valor pelo qual suas exportações excederam as importações – atingiu quase US$ 1 trilhão (R$ 5,83 trilhões) no ano passado. As exportações e a construção de novas fábricas para fazer mais exportações são praticamente a única área de força atualmente na economia chinesa.
Além da reação da China, o Canadá já anunciou taxação de 25% sobre produtos dos EUA e a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que o país vai implementar um plano com medidas tarifárias e não tarifárias sobre os Estados Unidos. O presidente americano declarou emergência econômica para impor taxas de 10% sobre todas as importações da China e 25% sobre as do México e do Canadá.
Além disso, a energia importada do Canadá — incluindo petróleo, gás natural e eletricidade — será taxada em 10%. A ordem presidencial também prevê aumentos nas tarifas caso os países afetados adotem medidas de retaliação, aumentando o risco de um impacto econômico ainda mais severo. /COM NEW YORK TIMES