Casa Branca estuda como custear plano econômico

O governo Biden já olha além de sua conta de combate à covid-19, de US$ 1,9 trilhão, e começa a estudar como custeará a próxima rodada de programas que visam impulsionar o crescimento de longo prazo da economia americana com investimentos em infraestrutura, energia limpa e educação. 

Os desafios envolvem duas partes. As autoridades têm de decidir que parcela da conta será paga com aumentos de impostos e que políticas serão financiadas por mais tomadas de empréstimos. Em um Congresso dividido, elas também precisam criar um projeto de lei capaz de conquistar o apoio de quase todos os democratas. A decisão ajudará a definir qual será a parte da agenda econômica do plano Build Back Better (Reconstruir Melhor) do presidente Biden que ele poderá promover no primeiro ano de governo. 

Os EUA tomaram trilhões de dólares em empréstimos no último ano para custear medidas de alívio à crise decorrente da covid-19, que incluem pagamentos diretos a famílias e pequenas empresas. Alguns democratas sinalizaram que podem estar dispostos a tomar mais emprestado para custear programas como os de infraestrututura, caso os benefícios econômicos sejam grandes. 

Mas os republicanos e alguns democratas moderados, como o senador Joe Manchin, dizem que a explosão da dívida justifica que os gastos sejam compensados com aumentos de impostos ou cortes em outros lugares. 

Os assessores econômicos de Biden começam a enfrentar a questão. Embora não descartem maior endividamento a fim de financiar segmentos do plano, Biden continuou a falar de suas propostas de campanha de elevar os impostos sobre os mais ricos e empresas a fim de financiar novos programas permanentes, disse o assessor econômico Jared Bernstein. 

Um dos procedimentos que influenciam o pensamento do governo é fazer a distinção entre estímulos de curto prazo e gastos de mais longo prazo, que tendem a alimentar déficits por muitos anos. “Quando a pessoa está preocupada com sustentabilidade fiscal, o que a afeta não são as medidas temporárias”, disse Bernstein no mês passado. “São as coisas permanentes (e) que não são pagas.” 

Nos últimos 12 meses, uma série de rodadas de estímulos contribuiu para um aumento de quase US$ 4,5 trilhões da dívida federal, que totalizava US$ 21,9 trilhões em 1o de março. Alcançando aproximadamente a magnitude de toda a produção econômica do país, a dívida é a mais elevada desde o pós-Segunda Guerra. 

Alguns economistas argumentaram que o governo deveria repensar a maneira como fixa suas metas fiscais, principalmente em um período de custos muito baixos para tomada de empréstimos. Eles propuseram novos parâmetros de política pública para fundamentar decisões sobre o nível correto de endividamento. 

“À medida em que nos distanciamos de uma necessidade de muito curto prazo, a questão passa a ser qual é o quadro para os próximos quatro ou oito anos”, disse Peter Oszag, que comandou a Agência de Administração e Orçamento no governo Obama. 

Por ora, há poucos sinais de espiral inflacionária ou crise fiscal, que no passado formuladores de políticas públicas temiam serem passíveis de acompanhar níveis de endividamento como os atuais. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/03/15/casa-branca-estuda-como-custear-plano-economico.ghtml

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