Medida é implementada duas semanas depois de presidente suspender garantias de asilo para migrantes que entram ilegalmente no país
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, perdoou 500 mil imigrantes que vivem sem documento no país há mais de 10 anos, mas são casados com cidadãos americanos. A partir de agora, eles poderão ter acesso à cidadania e trabalhar legalmente.
A política é considerada uma das maiores da última década para proteger os imigrantes e é implementada no momento em que o democrata tenta encontrar um equilíbrio em uma das questões mais dominantes do ano. Com as eleições em novembro, Biden também está ciente de que muitos americanos desejam políticas mais duras na fronteira.
Duas semanas atrás, Biden foi na direção contrária à proteção e implementou uma medida de repressão que suspendeu garantias antigas que davam a qualquer pessoa que estivesse em terra americana o direito de buscar asilo no país.
Quase imediatamente após essa medida, os funcionários do governo começaram a tranquilizar em privado os progressistas de que o presidente também ajudaria imigrantes indocumentados que estão no país há anos. Ele também deve apresentar em breve outras ações para facilitar o acesso a vistos de trabalhos para os jovens sem documentos.
A nova medida pode ajudar Biden a lidar com a rejeição que as políticas de restrição de asilo suscitaram na sua base progressista, que acusou a Casa Branca de não cumprir as promessas de campanha de adotar uma abordagem mais sensível aos imigrantes.
Influência nas eleições
A política anunciada nesta terça-feira poderia ajudar Biden em estados decisivos como Nevada, Arizona e Geórgia. Cada um possui mais de 100 mil eleitores que vivem em famílias de “status misto”, de acordo com a American Business Immigration Coalition.
“É a coisa certa a fazer e a coisa inteligente a fazer”, disse a senadora Catherine Cortez Masto, democrata de Nevada. Segundo ela, a ação de Biden impulsionaria a economia em seu estado. “O caminho para a Casa Branca passa por Nevada e as pessoas no meu Estado estão prestando atenção.”
Biden conta com um programa conhecido como “liberdade condicional”, que tem sido usado para outras populações, como famílias de militares. O programa dá aos não-cidadãos a capacidade de viver e trabalhar temporariamente nos Estados Unidos sem medo de deportação.
Nos dias que antecederam o novo anúncio, aliados do ex-presidente Donald Trump acusaram Biden de ser fraco na segurança das fronteiras. “Isto é um ataque à democracia”, disse Stephen Miller, arquiteto da política anti-imigração de Trump, nas redes sociais nesta segunda-feira, 17.
Uma das pessoas que poderá ser diretamente afetada pela mudança é Ashley DeAzevedo, chefe da American Families United, cujo marido não tem documentos. O grupo apoia famílias de status misto, como a dela. Ela e o marido estão casados há mais de 10 anos e tem um filho de 11 anos.
“Seria uma mudança absoluta de jogo não ter que se preocupar em ser separado, porque agora ele poderia ser tecnicamente removido”, disse ela. “Há sempre uma preocupação se ele for parado ou algo assim. Poderia ser, você sabe, simplesmente catastrófico para nossa família.”
Novo programa
Os benefícios para cônjuges sem documentos não entram em vigor imediatamente. Funcionários do governo Biden disseram que o programa deve ser lançado até setembro, data em que as pessoas poderão solicitá-lo.
Casar-se com um cidadão americano geralmente proporciona um caminho para a cidadania americana, mas as pessoas que entraram no país pela fronteira com o México, em vez de chegarem ao país com algum tipo de visto, precisam regressar ao país de origem depois de casarem para concluir o processo de green card.
Isso significa separações longas de seus cônjuges e parentes. As novas medidas permitem que as famílias permaneçam no país enquanto buscam o estatuto legal.
Para serem elegíveis, os cônjuges devem viver nos Estados Unidos há pelo menos 10 anos e estar casados com um cidadão americano. Os benefícios também se estenderiam aos cerca de 50 mil filhos de cônjuges indocumentados que se tornaram enteados. /NYT