Bancos globais vão criar moeda digital

Seis dos maiores bancos do mundo aderiram a um projeto visando criar uma nova forma de moeda digital que pretendem lançar no ano que vem para compensar e liquidar transações financeiras com base em “blockchain”, a tecnologia em que se baseia o bitcoin.

Barclays, Credit Suisse, Canadian Imperial Bank of Commerce, HSBC, MUFG e State Street estão colaborando para desenvolver uma moeda de compensações e liquidações criada pelo suíço UBS para tornar os mercados financeiros mais eficientes, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Martin Arnold, publicada no Valor de 2/09.

A iniciativa vem num momento em que o projeto avança para uma nova fase de desenvolvimento, na qual seus membros visam aprofundar as discussões com bancos centrais e assegurar uma maior privacidade aos dados e implementar proteções de segurança cibernética.

Hyder Jaffrey, diretor de investimento estratégico e inovação no campo de fintechs no UBS, disse: “Temos conversado com bancos centrais e agências regulamentadoras, e prosseguiremos nesses entendimentos nos próximos 12 meses com o objetivo de começar a operar em escala limitada no final de 2018”.

A tecnologia blockchain é um conjunto complexo de algoritmos que permitem que as chamadas criptomoedas – como o bitcoin – sejam negociadas e autenticadas eletronicamente em uma rede de computadores sem uma contabilidade centralizada.

Inicialmente céticos devido a preocupações com fraudes, os bancos agora estão examinando como poderiam usar a tecnologia para acelerar sistemas de liquidação de back-office e liberar bilhões em capital vinculado ao suporte de operações financeiras nos mercados globais. “Contabilidade distribuída é uma das tecnologias mais inovadoras existentes”, disse Lee Brain, do birô central de tecnologia da divisão de banco de investimentos do Barclays. “Da redução de risco à melhoria da eficiência do emprego de capital nos mercados financeiros, vemos diversas vantagens nesse projeto”.

A moeda de liquidação, baseada em um produto desenvolvido pela Clearmatics Technologies, tem como objetivo permitir que grupos financeiros realizem pagamentos entre si ou comprem instrumentos financeiros, como títulos e ações, sem esperar que as tradicionais transferências de dinheiro sejam concluídas. Em vez disso, eles usariam moedas digitais diretamente conversíveis em dinheiro nos bancos centrais, reduzindo o tempo, custo e capital necessários para a compensação e liquidação pós-negócios.

As moedas digitais, cada uma delas conversíveis em diferentes divisas, seriam armazenadas usando o blockchain – um esquema de contabilidade distribuída -, permitindo que sejam trocadas rapidamente pelos instrumentos financeiros negociados. Os atuais membros no projeto são o Deutsche Bank, Banco Santander, BNY Mellon e o NEX. Jaffrey disse: “Isso não vai começar a funcionar com um big bang; será adotado mediante uma série de passos evolucionários ao longo do tempo”.

Ele disse que, a princípio, espera que no final do ano que vem a moeda digital para compensações e liquidações esteja sendo usada para que os bancos paguem-se uns aos outros em diferentes moedas. Por exemplo, se um banco estiver devendo US$ 100 milhões a um rival com uma dívida de US$ 50 milhões no outro sentido, as duas instituições poderiam transferir o dinheiro quase instantaneamente usando as novas moedas.

Ele disse que antes que as moedas digitais possam ser usadas para liquidar negócios envolvendo valores mobiliários, os próprios papéis precisarão ser transferidos para sistemas blockchain, caso contrário as vantagens em termos de velocidade e menores requisitos de capital seriam perdidos.

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