Até no futebol, Suíça teme ficar sem mão de obra

Os empresários suíços perceberam, de um jeito estranho, o quanto precisam de imigrantes. Há um mês, a Suíça aprovou em referendo a limitação da entrada de estrangeiros no país. Agora, se deram conta de que 8 dos 11 jogadores da seleção suíça são estrangeiros. Se a lei já estivesse em vigor os problemas seriam enormes para formar um time competitivo. O grave é que os empresários e os sindicatos descobriram que o país não precisa só de jogadores estrangeiros.

No referendo, impulsionada por partidos xenófobos, a população preferiu, por votação bem apertada restringir a circulação de pessoas, incluindo europeus, até os ricos e bem preparados profissionais técnicos alemães ou franceses. Mas, como mostrou artigo de Jamil Chade, no Estadão de 23/03, pg A22, a Suíça é um país muito pequeno, 7,7 milhões de habitantes, e o problema não afeta apenas os trabalhadores da construção civil ou os garis. Para o principal sindicato suíço, é a indústria de alta tecnologia que está ameaçada. Hoje, 30% dos funcionários dos bancos suíços são estrangeiros., No setor farmacêutico, 40%. Em algumas indústrias de alta competitividade, como a Roche, 60% dos funcionários não são suíços. Um quarto da população suíça , literalmente “vem de fora”, dos outros países europeus vizinhos.

E, apesar disso, o desemprego no país é um dos mais baixos do mundo: desde 2003, quando a lei que permitia a livre circulação de trabalhadores europeus no país foi editada, o desemprego é o mesmo, 3,5%. O país não forma sequer médicos e cirurgiões suficientes: na maioria dos hospitais metade dos médicos são estrangeiros.

Os trabalhadores imigrantes não compreendem a nova lei, porque moram no país faz muitos anos. Alguns CEOs de enormes companhias multinacionais foram especialmente irônicos, como o belga Paul Bulcke, da Nestlé: “aproveitem para me perguntarem tudo. Não sei se estarei aqui no ano que vem”.

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