Até no esporte, o alvo é tv na internet

Nos finais de semana os técnicos da ESPN passaram a ter dupla preocupação. Eles continuam ocupados com a transmissão simultânea de dezenas de jogos, parte deles passando na tv e outros indo direto para a web. O maior monitoramento é o da audiência online. Motivo: a média de idade de quem assiste os jogos na web da ESPN é de 28 anos. Nos telespectadores da tv a média é de 42 anos.

O aplicativo na rede, o WatchESPN é parte de aposta ambiciosa da empresa em serviços online, provocada pelo amadurecimento do público de TV paga nos EUA. Pioneira no mercado de tv esportiva nos últimos 30 anos , a ESPN sempre teve aumento constante nas assinaturas de tv a cabo e satélite nos EUA. Porém, matéria do The Wall Street Journal, traduzida pelo Valor Econômico de 29/01, pg B11, mostrou que esse crescimento começou a declinar. Hoje a ESPN lidera as iniciativas no setor de tv para expandir a transmissão via internet.

O WatchESPN é uma maneira de capitalizar a crescente demanda por vídeo online. Mas, como os canais de tv tradicionais ainda são lucrativos, a empresa caminha em corda bamba e quer evitar qualquer passo que incentive clientes abandonar as assinaturas de tv paga.

Todos os provedores de conteúdo sofrem queda de assinaturas na tv paga. A ESPN perdeu cerca de 1,5 milhão de assinantes entre setembro de 2011 e setembro de 2013 nos EUA , segundo a consultoria Nielsen. A rede de esportes atinge 98,5 milhões de lares americanos, mas não despreza o alerta.

Os serviços online enfrentam, no entanto, vários obstáculos. Ligas esportivas tradicionais, que recebem altas somas pela transmissão em tv, veem oportunidade em vender serviços digitais, ou oferecer por conta própria transmissão online. Para a ESPN, adquirir direitos de streaming ampliaria muito os custos.

Limitar o acesso online aos assinantes tem seus riscos. Além de excluir clientes que deixariam a tv a cabo, ela perderia os que nunca forma assinantes, fãs de esportes, na maioria bem jovens que não assinaram antes serviços de tv paga. O dilema é sério e envolve também a publicidade.

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