As ‘Big Techs’ já são maiores que o mercado de ações japonês

As “teracaps”, como são chamadas as ações de empresas com valor de mercado de US$ 1 trilhão ou mais, são maiores que os setores de bancos e de energia americanos combinados 

A Alphabet recentemente entrou num clube para poucos. Ela é agora uma ação “teracap”, juntando-se à Apple, Amazon.com e Microsoft no grupo das únicas 

As teracaps contribuíram fortemente para a retomada do mercado, representando 115% da alta do S&P 500 em valor de mercado neste ano, diz Stubbs. Elas contribuíram com 91% do retorno total do mercado. Inclua o Facebook, e as cinco maiores ações contribuíram com 100% do retorno do mercado, compensando perdas e ganhos baixos de centenas de outros papéis do índice. 

Tudo isso levanta dúvidas importantes. Estamos diante de outra bolha de tecnologia? E, se os investidores perderem confiança nas teracaps, o mercado consegue se sustentar sozinho? 

“Há claramente riscos significativos e uma semelhança com 1999”, diz Stubbs. Quatro anos atrás, as teracaps eram 10% do S&P 500. E eram só 5% em março de 2009, na baixa da crise financeira. 

Mas Stubbs argumenta que a liderança e a avaliação das teracaps têm boas garantias, que estão relacionadas à época sem precedentes na qual estamos vivendo. Os mercados estão sendo impulsionados por trilhões de dólares em excesso de liquidez de bancos centrais globais. Taxas de juros estão negativas na Europa e próximas de mínimas recordes nos EUA, com os títulos de dez anos do Tesouro rendendo só 0,7%. As estimativas para as ações parecem extremadas em termos absolutos, mas são muito mais razoáveis dentro do contexto. 

As teracaps também são sustentadas por fatores fundamentais: elas geram excedentes mais altos de fluxo de caixa livre, têm balanços mais fortes e apresentam lucratividade e perspectiva de crescimento melhores do que muitos índices globais, diz Stubbs. 

Os riscos podem ser identificados em áreas como regulação (como a divisão das “Big Tech”), em questões geopolíticas (incluindo a escalada das tensões comerciais com a China), no aumento de impostos e em caso de uma recessão profunda. 

Mas vários desses riscos não são específicos das Big Tech — eles reduziriam a demanda por ações em geral e levariam a cortes de estimativas num sentido amplo. E as empresas de tecnologia já provaram ser resilientes, geralmente indo relativamente bem durante quedas do mercado (junto com o setor de saúde). 

Ainda assim, há uma crescente distância entre os preços das ações das teracaps e as estimativas de Wall Street. A Apple, por exemplo, era negociada antes do desdobramento perto de US$ 504, acima do preço-alvo médio de US$ 434. Amazon em US$ 3.450,96 no fechamento desta segunda-feira (31) está pouco abaixo da média de US$ 3.665. A Microsoft está equilibrada com a média de US$ 231, enquanto a Alphabet está aproximadamente US$ 100 abaixo da média de US$ 1.746. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/08/31/as-big-techs-ja-sao-maiores-que-o-mercado-de-acoes-japones.ghtml

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