Apple negocia a compra da McLaren

A Apple procurou o McLaren Technology Group, dono da equipe de Fórmula 1 e empresa de engenharia de automóveis de luxo, para tratar de uma possível aquisição. É o sinal mais claro emitido até agora de que a fabricante do iPhone está interessada em transformar a indústria automobilística. O grupo de tecnologia da Califórnia, que vem trabalhando há mais de dois anos em um veículo elétrico sem motorista, está considerando uma aquisição plena da McLaren ou um investimento estratégico, segundo afirmam três pessoas a par das negociações, que teriam começado há vários meses.

Uma união com a McLaren – especialista em áreas que vão da engenharia automotiva e sistemas de computador de bordo a novos materiais para chassis como fibra de carbono e alumínio – poderá acelerar o projeto automotivo secreto da Apple, como mostrou material do Financial Times assinada por Matthew Garrahan e Tim Bradshaw, publicada no Valor de 22/09.

A Apple e a McLaren não quiseram fazer comentários sobre o assunto. O deficitário grupo automobilístico poderá, segundo essas pessoas, ser avaliado em algo entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de libras. Ainda de acordo com as fontes, ainda não há nenhuma certeza de que um acordo será firmado. Se for, será a maior aquisição da Apple desde a compra, por US$ 3 bilhões, da Beats Electronics, em 2014. A Beats é um grupo de aúdio fundado pelo artista de rap Dr Dre e pelo produtor musical Jimmy Iovine.

Neste ano, a Apple investiu US$ 1 bilhão na Didi Chuxing, a maior concorrente do Uber na China. Foi o maior investimento em participações feito pela companhia até hoje.

A McLaren produz automóveis esportivos de luxo que podem custar até US$ 1 milhão e controla um grupo de tecnologias avançadas, assim como a equipe de Fórmula 1 de mesmo nome. Os controladores da McLaren Technology detêm 80% da McLaren Automotive. Ela produziu 1.654 veículos no ano passado, gerando receitas de 450 milhões de libras, e prometeu investir 1 bilhão de libras em pesquisa e desenvolvimento nos próximos seis anos.

A McLaren Technology divulgou uma receita de 265 milhões de libras e um prejuízo antes dos impostos de 22,6 milhões de libras em 2014, o último ano em que publicou seus resultados. Ela é controlada por Ron Dennis, que é presidente do conselho de administração, Mansour Ojjeh e o Mumtalakat, fundo soberano de investimentos do Bahrein.

O interesse da Apple na companhia inglesa se deve à sua tecnologia, perícia em engenharia e carteira de patentes, segundo disseram as fontes. No entanto, elas alertaram que ainda não está claro se um acordo poderá ser firmado depois de uma mudança recente na estratégia da Apple para o setor automobilístico.

Em 2014, a Apple começou a formar uma equipe de centenas de engenheiros e projetistas para trabalhar no projeto de um carro elétrico. A equipe inclui profissionais recrutados em companhias como Tesla e Mercedes-Benz. O líder original da equipe, Steve Zadesky, pediu demissão neste ano e o veterano da Apple Bob Mansfield assumiu o projeto.

Nas últimas semanas, dezenas de funcionários foram embora, afirmam pessoas a par das mudanças, depois da decisão de Mansfield de mudar o foco dos esforços da Apple para os sistemas de suporte que vão mover o carro que dispensa motorista, em vez de fabricar ela mesma o veículo elétrico.

Apesar dos relatos recentes sobre essas mudanças, alguns analistas da Apple vêm questionando a capacidade da companhia de abrir mão da estratégia tradicional de controlar tanto o hardware como o software de seus produtos.

Alguns investidores esperavam um avanço da Apple sobre a Tesla, a fabricante de carros elétricos do Vale do Silício liderada por Elon Musk. Em sua assembleia anual do ano passado, acionistas da Apple perguntaram várias vezes a Tim Cook, diretor-presidente da companhia, se ele pretendia comprar a Tesla, o que ele cuidadosamente evitou responder.

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