Apple lança serviço de pagamentos

Com o Apple Pay, é possível fazer pagamentos no varejo físico usando o celular ou o relógio no lugar do cartão – o chamado pagamento por aproximação, que funciona com a tecnologia NFC. Pode-se também pagar compras em lojas e aplicativos, nos moldes de carteiras virtuais como PayPal e PagSeguro. O país é o primeiro na América Latina e o 21o no mundo a receber a funcionalidade lançada há três anos nos EUA.
A princípio, apenas portadores de cartões de crédito do Itaú e da Itaucard poderão usar o sistema. A função débito será anunciada até o fim do ano. A exclusividade do maior banco privado do país vale por 90 dias. “A ideia é que todos os consumidores [da Apple] possam usar o Apple Pay”, diz Jennifer Bailey, vice-presidente de serviços de internet e Apple Pay, sem dar prazo para a adesão de outros bancos, como mostrou matéria do valor , assinada por Gustavo Brigatto, publicada em 04/04.
De acordo com Bailey, o Itaú é um dos bancos mais populares entre os usuários de produtos da Apple, por isso a instituição foi a primeira a ter o serviço. Nos últimos anos, executivos disseram em várias ocasiões que as negociações com a Apple eram complicadas devido a algumas imposições feitas pela companhia de Cupertino. Perguntado sobre as conversas com a marca, Marcelo Kopel, diretor-executivo do Itaú Unibanco, evitou entrar em detalhes, disse apenas que a negociação foi benéfica para ambas as partes. “Conseguimos chegar a termos em que todos atingiram seus objetivos”, diz o executivo. De acordo com ele, 1,2 milhão de clientes do banco estão aptos a usar o Apple Pay.
O fundo de investimento Loup Ventures estima que, em 2017, 127 milhões pessoas usaram o Apple Pay ao redor do mundo, o equivalente a 16% da base de usuários do aparelho. O número é quase três vezes maior que o registrado em 2016. A Apple não confirma os números, mas, segundo Bailey, o crescimento foi de três dígitos em 2017.
O Apple Pay é compatível com iPhones, iPads e Macs com sensor biométrico – ou reconhecimento facial, no caso do iPhone X. Em Macs mais antigos, é possível começar a operação pelo computador e concluir em um iPhone ou iPad compatível. Também é possível fazer pagamentos usando o relógio Apple Watch. Segundo a Apple, mais de 80% dos usuários do aparelho no mundo fazem pagamentos com ele. Para usar o Apple Pay, basta cadastrar um cartão no aplicativo Wallet.
Segundo Bailey, os sistemas da Apple são seguros e preservam a privacidade dos consumidores. “Temos uma abordagem diferente de outras empresas e não armazenamos nem compartilhamos dados [de valor, local e tipo de produto comprado]”, diz. Na semana passada, Tim Cook, presidente da Apple, criticou o Facebook por usar dados de seus usuários para vender publicidade. Segundo ele, a companhia vende produtos para os consumidores, e não os seus consumidores aos anunciantes.
A chegada do Apple Pay ao Brasil é vista por muitos executivos como o componente que faltava para estimular o uso do pagamento por aproximação no Brasil. A tecnologia vem sendo usada no país há uma década e, mesmo com a chegada do Samsung Pay, em 2016, e do Android Pay (recentemente rebatizado como Google Pay) no fim do ano passado, não representa nem 1% das transações com cartão no país. Uma das grandes dificuldades é ensinar consumidores e varejistas a usar esse tipo de serviço.
“A Apple é historicamente reconhecida como uma empresa que gera mudanças de hábito e lidera mercado [por isso deve ajudar nesse processo]”, diz Marcos Leal, copresidente do site de vinhos Evino. Esse site está entre os primeiros a adotar o Apple Pay, alinhado com varejistas como Fnac, Pão de Açúcar, Starbucks e Mobly.
Segundo Leal, a decisão está em linha com a estratégia da companhia de fechar 2018 com 50% de sua receita vinda de dispositivos móveis. “Isso vai ajudar principalmente o cara que usa o Evino pela primeira vez, porque permite que a compra seja feita mais rápido, sem necessidade de cadastro”, diz Luis Alegria, diretor de experiência e produto da Evino. Leal afirma que, depois do sistema da Apple, a companhia pretende adicionar o Google Pay como opção de pagamento.
“É difícil mudar costumes do usuário”, diz Felipe Cunha, gerente de parcerias do Google Pay. De acordo com ele, uma complicação adicional é o fato de nem todos os bancos terem aderido à tecnologia. Isso é uma barreira para que se faça campanhas em massa para ensinar como usar a tecnologia. “Você tem que ser assertivo [para não criar frustração nas pessoas], diz. Ainda assim, o uso é crescente.
Hoje, o Google Pay é compatível com seis bancos (BB, Caixa, Neon, Brasil Prepagos, Banrisul e Bradesco) e com os cartões da Porto Seguro. De acordo com Cunha, o Brasil está um ou dois anos atrás de países como a Espanha, Rússia e Austrália no uso do pagamento por aproximação.
Renato Citrini, gerente de produtos da Samsung, destaca que, há dois anos, quando o sistema da companhia foi lançado, as pessoas costumavam se assustar quando ele apresentava o celular para fazer um pagamento. Hoje, isso já não acontece mais. “A gente vê um uso cada vez mais frequente conforme vai ampliando o número de aparelhos compatíveis, o que aumenta os número de pessoas aptas a usar”, diz.
Atualmente, 20 aparelhos do portfólio da Samsung podem usar o Pay com cartões de oito bancos (BB, Banrisul, Bradesco, Brasil Prepagos, Caixa, Inter, Neon e Santander), da Porto Seguro e de benefícios da Ticket. No fim do ano passado, a companhia lançou um programa de recompensa que dá pontos para compras feitas com o serviço. Citrini diz que isso tem estimulado o uso.
Itaú, Evino e outros varejistas também terão “mimos” para incentivar o uso do Apple Pay. O banco está oferecendo um desconto de 15% para a compra de aparelhos da Apple, enquanto o site dará uma garrafa gratuita para quem fizer uma compra com o sistema.

http://www.valor.com.br/empresas/5427603/apple-lanca-servico-de-pagamentos#

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