A Airbus está buscando desenvolver aeronaves autônomas e tecnologias que permitam que um único piloto opere aviões comerciais, o que ajudaria a reduzir os custos das operadoras, disse o diretor de tecnologia, Paul Eremenko. “A abordagem mais disruptiva seria dizer que talvez possamos diminuir as necessidades de tripulação para nossas futuras aeronaves”, disse. “Buscamos operar com um único piloto como uma possível opção e muitas das tecnologias necessárias para que isso aconteça também nos orientaram para as operações não pilotadas.”
O setor aeroespacial começou a observar uma tendência similar à do mercado automotivo, onde as fabricantes de veículos estão investindo ou adquirindo “startups” de condução autônoma. As fabricantes de aeronaves, entre elas a Airbus e a Boeing, se apressam a desenvolver a inteligência artificial que um dia permitirá que os computadores pilotem aeronaves sem seres humanos nos controles, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Kyunghee Park, publicada no Valor de 29/11.
Tornar essa ideia uma realidade não será fácil em um setor onde a presença de pelo menos dois pilotos na cabine de controle tem sido a norma em voos comerciais há várias décadas. Depois que um piloto da Germanwings levou um avião A320 a bater nos Alpes franceses, matando as 150 pessoas a bordo em março de 2015, muitas companhias aéreas do mundo tornaram obrigatória a presença de pelo menos duas pessoas na cabine a todo momento.
Além de não haver nenhuma aeronave na categoria de transporte certificada para voos com um único ou nenhum piloto, não está claro se os passageiros ou suas seguradoras ou as operadoras aceitariam ou permitiriam isso, disse Robert Mann, consultor de aviação e ex-executivo da American Airlines.
A Airbus tem uma divisão chamada Urban Air Mobility que está explorando tecnologia que vai desde viagens de helicóptero a pedido até drones para entregas. A Boeing disse, no mês passado, que comprou uma empresa que está desenvolvendo taxis voadores para a Uber Technologies e também comprou uma participação em uma empresa de aviões híbridos elétricos.
Há duas semanas, a Airbus concordou em criar um centro de inovação na cidade chinesa de Shenzhen, perto de Hong Kong. As instalações ajudarão a acelerar a pesquisa para traçar o futuro das viagens aéreas e a China dará à Airbus uma oportunidade de projetar e desenvolver essas tecnologias, disse Eremenko. “Eu acho que o espaço geral da aviação na China está começando a se abrir”, disse o executivo em Hong Kong. “Há uma oportunidade para a China dar uma espécie de salto para a frente, como tem feito em outras áreas, e de projetar o sistema aeroespacial, projetar o regime regulatório para o futuro, para possibilitar a mobilidade urbana aérea.