O preço é alto: 100 euros por uma calça no varejo de médio e alto luxo. A holandesa Anouk Gills escolheu outra forma de consumo: assinou contrato de 12 meses com a fabricante, uma grife de moda holandesa, Mud Jeans, e pagou depósito de 20 euros mais 5 euros mensais pela roupa. Depois de um ano, Gills pode escolher entre devolver, comprar o jeans ou trocar por um novo.
A diretoria da Mud Jeans, primeiro repete que quer tornar seus produtos acessíveis a todos mas, depois, informa que a intenção é reciclar os jeans usados na fabricação de novos ou, vendê-los como usados no final do aluguel. O negócio apenas mostra como as empresas tentam se reconectar com os consumidores europeus empobrecidos, que dependem cada vez mais de aluguel, compartilhamento ou puro escambo de produtos e serviços que vão de roupas a mesas e cadeiras até cortadores de grama.
Várias empresas varejistas de grande porte, como mostrou matéria do The Wall Street Journal, assinada por Ruth Bender, traduzida no Valor de 4/11, pg B11, entraram nesse mercado que até então era dominado por empresas novatas de internet. O objetivo imediato é atrair clientes para suas lojas, físicas ou virtuais.
A consultoria de análise de consumo, a Euromonitor, insiste que as empresas de bens de consumo usam cada vez mais métodos de compartilhamento como forma de construir uma marca, além da óbvia nova fonte de renda. Compartilhar ou alugar bem de consumo não é modelo de negócio novo, mas ganhou grande impulso depois da crise de 2008 e da disseminação da tecnologia digital que gerou muitas empresas novatas com foco em compartilhamento. A consultoria Frost & Sullivam estima, por exemplo, que o número de europeus que compartilham carros subira dos 700 mil registrados em 2011 para 15 milhões em 2020;
As empresas de bens de consumo seguiram esta trilha. Em julho, para tentar aumentar receita, a varejista francesa Intermarché começou a oferecer aluguel de eletrodomésticos e produtos eletrônicos de valor superior a 349 euros. A empresa alcançou tão bons resultados que pretende expandir o programa para móveis e têxteis.